segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Bolas de Sabão




Inventei liquido de sabão,

mexi e ganhei bolas coloridas,

leves, mais leves que o ar,

que suavemente ganhavam vida.

Tentei numa entrar, pé ante pé,

com pantufas de lá,

sem respirar,

para com ela voar,

mas a bola disse que não...

Triste, e de olhar no chão,

virei a água de sabão,

por não me deixarem sonhar...

domingo, 26 de setembro de 2010

Renovação




Preciso respirar ar puro,

descontaminado, filtrado,

preciso de limpar todo o meu interior,

e se preciso for,

me peguem de pernas para o ar,

chocalhem-me

até tudo sair pela boca fora...

E depois de tudo, no fim de tudo,

deitem-me ao mar,

deixem-me bater bem no fundo,

e só quando meus olhos revirar,

icem-me, rápido, soprem-me novo ar

para de novo renascer...

Preciso renascer,

Anseio viver...

sábado, 25 de setembro de 2010

Outono




O sol teima em brilhar, em aquecer.

Lá fora ainda se sente o verão,

o convite para o mar, tocar a água

num sonante mergulho, rejuvenescer...

Mas este verão está fora do tempo,

e como tudo na vida, sem mágoa

deveria morrer, para renascer...

Onde param as andorinhas,

o chilrear dos pardais,

os dias longos, festas na aldeia?

Tudo passou, hibernou.

Se o mundo existir, se a primavera deixar,

no novo ano hás-de vir

dentro do teu espaço, até o Outono chegar.


Outono, entra...estás entre amigos...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Banco de Jardim




Um banco de jardim é meu poiso,

onde adormeço, onde sonho,

onde descansam as gaivotas...

Aqui analiso quem passa,

os velhos que por ali deambulam,

as mulheres em pose de engate...

Tudo daqui se vê, se pressente,

quem diz verdade...quem na verdade, mente...

Os bancos de jardim sabem coisas,

segredos contados na primeira pessoa,

companheiros inseparáveis na solidão...

E há um velho que triste passa,

olha-me, e a medo pergunta:

Dás-me lume?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Pingos de Chuva



Feliz, olhei o céu, o cinzento prometedor...

Sorri, e pacientemente me deixei levar...

Este momento, este desejo que pairava no ar,

me fizeram recuar no tempo,

aos dias de infância, brincadeiras de criança,

onde os pingos de chuva nos faziam sorrir.


E hoje, sorrio novamente para a chuva,

e cada gota que salpica minha pele

eu a beijo, ternamente a beijo,

como dádiva divina em meu ser...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Apenas na manhã...


http://img.alibaba.com/photo/306460627/bus_stop_shelter.jpg


Paragem do autocarro, 7:30 horas da manhã. É pouca a gente na rua, quase sempre os mesmos, e cada ser tem sua tara, mania, cada um tem algo só seu que o identifica, a sua personalidade.

Olho cada um sem prender seu olhar (que pensariam de mim...) e neles vejo resignação, apatia, noutros vejo dor, sofrimento, e noutros ainda a loucura ou o principio do fim. Triste fado de quem vive assim, de quem olha em redor e nada deve ver, porque não há nada para ver...

Olham o silêncio, o vazio, olham sem se aperceberem dos autocarros que passam, do metro que vai e vem. Estes seres não estão ali, e nada me diz que estão vivos, presentes neste mundo que ainda tem alguma cor.

Deixo de pensar em quem me rodeia (farei eu parte desta teia?) e busco meu intimo, meu sentido na vida

É dificil a pesquisa, e ao mesmo tempo me atropelo em montanhas de ideais, outras tantas de sentimentos, mares de felicidade.

O ser humano que nasceu da perfeição, tudo altera, se consome em futilidades e no dia a dia permite que se diluam no nada as sua legitimas ambições, seus desejos de felicidade e sonhos por realizar..O ser humano é um poço de contradições

Chega o autocarro e nele a viagem com destino certo, sempre pelas mesmas ruas, sempre com a mesma paisagem

Aqui e ali, "bolsas" de gente, resignados, numa prisão feita à sua medida que é a estação do metro. Não se falam, não se olham, não se conhecem, quem sabe não se odeiam? Olho para eles enquanto dura o semáforo (outra forma de prisão), e sinto pena, pena de que se me olharem com olhos de ver, também terão pena de mim..

domingo, 19 de setembro de 2010

Deserto...




Hora nocturna, sem desejos, em desvario,

hora morta, no silêncio que se impõem.

No seio de mim, bate forte o pensamento,

ruge, desespera-se na contradição...

No momento presente, neste ar que respiro,

parir seria eleição, gratificação talvez

para o deserto que em mim floresce...

Fazer nascer palavras, sentimentos, sonhos,

fazer nascer sem o tempo para dar à luz,

nesta hora nocturna, sem desejos, em desvario...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Aconchego da Noite




Fez-se noite,

sem ruídos, sem sombras,

apenas noite...

E na noite,

na calmaria que se sente,

o sabor da chuva em forma de orvalho.


Rostos se iluminam,

sorriem,

e na calmaria da noite,

o convite,

o desejo,

o partilhar dos corpos...


Fez-se noite,

fez-se dia com o brilhar da paixão...

Corpos ondulando,

se curvando em ritmos loucos...

Alguns gemidos...roucos...


Fez-se noite,

cai a chuva,

pasma-se a vida...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Metas e Objectivos




Tracei metas, objectivos,

planejei, sonhei,

nada cumpri,

de alguns, até esqueci...

E agora que nada traço,

da vida nada peço,

sou feliz...

A vida, tudo me dá,

o destino assim o quis...

Que adianta querer o mundo,

O sol, a terra, a lua,

dominar a cada segundo,

e ter medo da sombra, na rua?

Nada tenho, nada peço,

minha vida é livro aberto,

e cada folha a desfolhar,

é novo dia a despontar...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sombras na Noite



A estrada tem sombras que só meus olhos vêm...

Nos telhados poisam seres que todos os olhos vêm...

Os anjos se encontram, e do alto nos vigiam,

sem pressas, e enquanto isto, outros partiam...

domingo, 5 de setembro de 2010

Viagem ao Douro - 2010







O Douro tem sempre seu encanto...Mas nesta altura do ano em que tudo se prepara para as vindimas, mais se realça sua beleza.
E nem os 39.5 ºC nos afugentaram daquele local, onde o homem teima em deixar sua marca, suor e quantas vezes lágrimas...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Faz-se Tarde


http://blogdareforma.files.wordpress.com/2010/05/quarto-de-casal.png

Faz-se tarde meu amor, tarde

como a noite após o longo dia,

como o sentimento que não arde,

num coração em lenta agonia.


Faz-se tarde pela tua ausência,

pelos desejos já ressequidos,

pelos lençóis sem vivência,

pelos sonos em vão perdidos...


Meu amor, estranho amor...

O quarto, tem silêncio no vazio...

Choram as paredes sem cor...


Faz-se tarde...Tarde na vida...

O amanhã traz ares de arrepio,

o amanhã tem a esperança perdida...