sábado, 30 de novembro de 2013

jogos de amor...



belos os jogos de amor,
as carícias, o sentir
suave da pele,
o beijo quente,
os lábios em tom ardente,
a boca em delírio
no corpo em martírio
pela exaltação
dos sentidos...

loucos os jogos de amor,
inocentes os amantes,
incautos e seduzidos pela dor,
são deles as estrelas mais brilhantes
iluminando os jogos proibidos...



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

as vides...



aguardam o corte, as vides
quase despidas,
no seu ego, sofridas,
pelo parto roubado
e na boca de quantos saciado...

tristes na dor os amantes
por quem acolheu os viajantes
nas manhãs quentes de verão,
e breve, será apenas lenha no chão...

terá coração o podador
em cada golpe, em cada corte,
ao ver a lágrima que verte
numa vide, por ser sido bago,
por ter sido alma num dia de sorte?







terça-feira, 26 de novembro de 2013

retrato....



de que falam os olhos que nada vêm,
se não vêm a cor da palavras,
as expressões das sílabas,
ou o sentido que contido têm...

nos olhos, uma venda , um lacre,
nas mãos, uma folha de papel,
uma caneta... ah, e quero um banco no jardim...
dêem-me o som dos pássaros,
e eu desenharei o céu em tons pastel
e um retrato nu, um nu repartido de mim...

domingo, 24 de novembro de 2013

o som do silêncio...




é triste e fala mais alto o silêncio
quando o dia já clareou,
os carros se amontoam nas ruas,
as varinas apregoam o peixe,
e até se ouve o silvar do metro...

porque eu sei que o silêncio
é a vontade de falar, deixar fluir
o que enche a alma...

tão difícil este parto, 
tão fácil tudo ruir,
como um baralho de cartas
tentando tocar o infinito...



domingo, 17 de novembro de 2013

outono...


manhã de Outono,
fria e cinzenta,
sem chama,
sem história. atenta
a primavera da vida,
escutando os sinais
no pio dos pardais,
mensagens de quem ama...

as manhãs de Outono
não são sempre iguais...
quem ousa escutar o vento,
ler nos sinais do tempo
os desabafos da alma,
os gritos contidos de um corpo sedento?

sabes, ainda ouço o silêncio
das quatro paredes,
o murmúrio das vozes
por entre os lençóis,
o gemer dos corpos
no ímpeto do prazer a dois...

finjo tudo esquecer
na manhã fria de Outono.
tanto mar, tanto mar, tanto caminhar
pelas areias limpas, em que me abandono... 



ás vezes




ás vezes queria ser sol de inverno,
quente e tão breve...
ás vezes queria ser nevoeiro,
impenetrável e tão leve...
ás vezes faz-me falta o que já tenho
e nem lembro, ou tudo perdi
numa qualquer jogada,
altas horas da madrugada
em que fazias batota,
e eu nem assisti...



barco á deriva...



meu barco anda á deriva
num rio sem ondas,
sem margens que o acolha...
meu barco parece uma folha
numa rua deserta e sem saída,
e como a folha seca,
vai sendo levado pelo vento,
pelas chuvas de Outono.
triste fim, triste abandono...



sábado, 16 de novembro de 2013

segredos...




na ponta de meus dedos,
nascem as palavras
que o vento leva até ti.
decifra-as e devolve ao vento,
no entardecer,
o vento as sepultará no tempo,
são segredos,
momentos, que ninguém iria entender...




quarta-feira, 13 de novembro de 2013

caminhante...



é noite, como noites são as horas vazias,
perdidas, irremediavelmente tristes
sem o aconchego de um abraço,
de um beijo, de um carinho...

diz-me a aragem fria
que a noite não é boa companhia,
que as almas são tentadas, seduzidas
por outras almas eternamente perdidas...

acendo uma vela, uma luz no caminho,
a noite não me fará mal...sou um pobre peregrino...



domingo, 10 de novembro de 2013

as raízes...






sigo cada raiz da árvore mais frondosa,
até ao ponto em que se afundando
nas profundezas da terra,
busca a seiva, a vida, a gota de água
para o ponto mais alto da árvore...
quão frágil o ser humano
quando liberto das raízes da vida,
perdendo-se pelos cais das ribeiras,
pelas bermas da estrada,
pelas calçadas, onde ninguém vê,
sente, ou tão pouco se vê mágoa...



sábado, 9 de novembro de 2013

na janela...



pelos vidros espelhados de minha janela,
não vejo quem na rua passa
nem as cores de que se veste a vida.
pelos vidros espelhados de minha janela,
vejo reflectida a imagem de mim,
os anos passados,
os sonhos adiados,
e um olhar de esperança sem fim...

pudera eu ver os traços da criança que fui,
da juventude que tenazmente
queria deixar para trás...
da maioridade que traria o céu á terra...
se eu pudesse... se eu pudesse,
teria voado para o céu aos dez anos,
teria brincado ás casinhas no paraíso,
e hoje seria Anjo, eterno, sem juízo...




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

voando nos sonhos...




voa nos sonhos,
voa nos pensamentos,
voa na alma do silêncio,
inquieta-te...
satisfaz a curiosidade
de ver a verdade
que parece fugir
por entre os dedos...

sente na carícia da pele,
no calor da palma da mão,
no rubro do olhar,
o rugir da paixão.
afasta teus medos...
não, ninguém vai saber...
são nossos os segredos
gotejando pelo chão...



terça-feira, 5 de novembro de 2013

rosas de jardim...





envio-te as rosas todas que encontrei
nos jardins agora despidos de cor...
oh vil esperança, oh maldição,
se não gostares das rosas que te dei,
não as jogues fora, nem as dês de mão em mão.
em cada rosa que te dei, vai um suspiro de paixão...



sábado, 2 de novembro de 2013

todo o tempo...



repara, parou de chover faz algum tempo...
disseste que soltarias tuas asas,
e viajarias na brisa...
espero-te... faz algum tempo!!

talvez te assustem as nuvens cinzentas,
ou a noite que não tarda vai chegar...
espero-te... tenho tempo!!

alertam-me os sentidos
que talvez te tenhas perdido, ou reencontrado
no meio do nada....
mas eu espero-te... tenho todo o tempo...



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

pelo teu sorriso...



é pelo teu sorriso
que lanço pétalas de rosas
sobre a terra fria e remexida,
onde me esperava a solidão
o silêncio e o esventramento...

sossego minha alma,
meus verdes olhos,
minha boca, meu sorriso...
eu sei, ainda não chegou o tempo
que serei banhado pelas águas de Abril.

sim, é pelo teu sorriso
que a vida acontece,
que o norte ganha rumo em cada prece,
e que nas manhãs o céu será sempre azul
e verde o mar que nos acolhe...como no paraíso...