terça-feira, 29 de janeiro de 2013

teu nome...


às vezes penso que não tens nome
ou se o tens, eu já esqueci,
porque já não me lembro de te chamar
ou sequer te enviar carta do correio...

leio mensagens tuas em meu coração,
todas as letras,
todas as estrelas que desenhaste,
e nenhuma tem as cores de tua mão.

ah se as palavras que inventas,
os momentos
que na penumbra sonhamos
não fossem mais o cabo das tormentas...

fecham meus olhos o silêncio das palavras.
não me queixo.
de que me serviria chamar teu nome
se a noite se fechou no mundo das trevas...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

sons na noite...


de que medos
são as vestes que te cobrem,
de que sinais
são os rumores que te ferem?

talvez seja apenas a brisa,
que na tarde fria e húmida
te traga sons de uma canção perdida,
com melodia de embalar.

deixa entrar,
e junto à lareira,
com manta a aconchegar,
façamos um hino à vida...


domingo, 27 de janeiro de 2013

fazes-me falta...


inquieta-me esta paz
que não é a minha.
preciso de luz,
preciso do brilho da primavera,
ouvir o chilrear da andorinha,
preciso viajar no espaço.

fazes-me falta,
como se desatassem o laço
que um dia o amor uniu.
lá fora, os telhados alinhados
choram de mansinho, num abraço
de saudade...

vagueia o espírito
pelo cinzento das nuvens de água,
onde brincam barcos de papel,
onde não há vento, nem ondas,
apenas resquícios de mágoa,
apenas desejos à flor da pele.


o amor...




ainda que escondesses teu rosto,
ainda que lavasses teu cheiro,
certezas tenho que seria o primeiro
te descobrindo passeando por aí...

e quando chegas até mim,
quando o sol faz resplandecer tua cor,
de mil pétalas se abre esta flor
que é um coração respirando vida.

o amor, o amor, dor tão consentida,
cega, nos corações prisioneira
como chama viva na lareira.

abro meu coração para ti alma gémea,
onde também o amor arde em tormento...
espera, um dia vamos nos fundir no tempo...



sábado, 26 de janeiro de 2013

longa espera...



ardem-me os olhos
pela longa espera
que não verá a luz do dia...
contorce-se de desejos
este corpo que fizeste teu
qual estátua, ansiando teus beijos...
no espelho, o rosto que nunca sorria,
parece feliz nesta câmara lenta,
e de uma forma mais atenta,
vejo que  respira alegria...
é tarde amor, já se deitou a cotovia,
a lua....e até o mar já não enrola na areia.
vou dormir, talvez sonhe contigo,
talvez chegue rápido a primavera...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

navegando....



no ar, um ruído,
uma ave a esvoaçar
no meu céu de silêncio...
talvez sedenta,
procurando poiso,
ou rio onde navegar...

brilha o sol
por entre o manto azul...
e eu rio para não chorar,
da paz que vive em mim
como a ave a esvoaçar...
sigo viagem,
sem outra margem
que não onde vou aportar...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

libertação...


como uma concha de onde nasceu um tesouro,
do tempo, esse movimento perdido entre a serra e o mar,
nasceu o encanto em forma de segredo,
o amor, relíquia guardada, adormecida,
que um dia os anjos ousaram acordar.

e foram tantos os momentos sem medo,
tantas as histórias de alegria e vida,
que mais um ano está a nascer, a crescer,
como se fora grande a vontade de viver,
como se o amanhã fosse meta já vencida...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

desassossego...



é de sonhos o teu mundo,
onde voam navios, carros e pessoas...

pegas minha mão, levas-me contigo,
e fazes-me entrar no teu mundo de sonhos,
onde brilham cores de azul, vermelho e amarelo.

em cima de um móvel de nobre castanho,
pequenos navios, carros, e bonecos,
tudo objectos de brincar.

nesse teu mundo, lindo, mas estranho,
fitas meus olhos e murmurando baixinho
dizes, fica comigo...até o mundo acabar...

domingo, 20 de janeiro de 2013

amor e fantasia...


preciso de teu calor,
desse sangue que te corre nas veias
e seca teus olhos, teus lábios,
como se um vulcão em chama.

abraço-te,
meus dedos, esguios dedos,
percorrem teu corpo
e se perdem nos enredos.

beijas-me,
incendeias meu corpo
com a lava rubra do amor,
e aos meus olhos, renasces em flor...

é suave o chão de areia
onde se devoram corpos insaciáveis,
e teus olhos ganham lágrimas,
e teus lábios ficam molhados,
e teu corpo no meu, imutáveis,
olhando o céu como rochedos no mar...

um dia, se Deus quiser, vamos voar...


Amar Assim...


riam-se as paredes dos gestos
daqueles encontros
que fortuitamente aconteciam.
e nesses encontros,
os rostos, os corpos padeciam
por mais e mais.
e de tanto amar, gemiam...

seiva, lágrimas, suor,
tudo era rubro em redor.
e no silêncio das quatro paredes
ouviam-se cantos de aves,
sinos replicando na igreja,
o vento silvando pelas janelas,
a ondulação do mar em dia de tempestade...

Amar assim, é um prazer feito leviandade...

sábado, 19 de janeiro de 2013

palavras ao vento...


dizes-me palavras que eu não entendo,
uma vezes vestidas pelo sol do verão
outras tão enrugadas pelo frio do inverno...
quer minha alma perceber
se as lendo, amanhã será primavera,
ou virá o Outono da vida.
não me fales nunca, palavras
que não sabes o que querem dizer,
ou se sabes, faz de conta,
deixa assim a vida correr...


como um rio...


sempre esperarei por ti,
ainda que as horas sejam pesadelos,
ou apenas saltos de cotovia.
esperarei por ti na noite
porque são tuas mãos, teus lábios,
que me adormecem até ser dia.
esperarei por ti ouvindo o cantar do rio
quando de pedra em pedra,
vai correndo para o mar...
assim como o rio, é este o meu fado
de em teus braços desaguar...



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Teus encantos...


 

secam meus lábios
sedentos de lábios teus...
entristecem meus olhos
pela ausência dos olhos teus...
que foi que eu fiz?
que castigo me foi imposto,
se tudo o que mais gosto,
em ti existe...os encantos teus...

perco-me no vazio da noite,
nas sombras que vagueiam pela parede
na longa solidão,
espíritos rondando em alucinação,
enquanto aquieto minha sede
aguardando gestos teus,
vindo de encontro, ansiando, gestos meus...

meu jeito de escrever...


sei que não tem mais jeito
este meu jeito de ser...
escrevo sobre a terra, sobre a lua,
escrevo sobre o mar, o areal,
sobre crianças que brincam na rua,
sobre meu jardim, este em fase terminal...

mas sinto que são palavras ocas,
descritivas, quase banais...
as palavras que eu sei dizer,
tantas e tantas e são tão intemporais,
essas não me canso de escrever...
talvez porque as sei de cor, são sempre iguais...

olho-me ao espelho mais uma vez,
e de tanto olhar, imagino ali tua imagem
perfeita e definida, não, não é miragem,
nem uma certeza, mas um talvez
de que o amanhã há-de vir,
e juntos ao espelho, um dia vamos sorrir...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

era noite...


era noite,
como tantas as noites
que a vida nos fez sonhar...

caminhando, contava os passos
que levariam ao infinito,
espaço perdido
entre o imaginário
e a realidade, com todos os laços
que não fazem mais sentido...

Quão belas as noites
de sonho e fantasia,
de encontros e reencontros,
de sussurros, que noite após noite,
marcam o nosso tempo...

e vivendo assim, sem lamento,
em noite de grande tormento,
sonharemos ver estrelas...

domingo, 13 de janeiro de 2013

escrita com cor...


faz-se tarde, e escura é a noite.
o céu, de cinzento se vestiu
e mesmo o sol que na tarde sorriu,
de envergonhado se foi...

que importa se não há estrelas no céu,
se a lua amuada, não apareceu?

desfolho meu diário da vida,
e cada linha, cada palavra,
tem uma história consentida,
como só os amantes sabem escrever...

este livro, este diário do querer,
é a prova mais querida,
de que o amor tudo pode vencer...

faz-se tarde, e escura é a noite...
mas de tanto desfolhar, tanto ler,
fecho meus olhos até o amanhecer...
um dia, na manhã, o sol irá sorrir...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

anjos no paraíso...



é noite meu amor....
e na escuridão que se abateu
ninguém se vê, ninguém...
parece que o mundo se escondeu
dos pecados que cometeu
mas nós amor, nós somos parte do além
quais anjos acima de tudo,
para além de tudo...

repara na árvore mais alta
na copa mais frondosa
nas aves que ali adormecem
serão também eles anjos em alerta?
"voo" até eles e não me reconhecem...
pobres, sem mente desperta,
sem sonhos para além do voar,
sem história para um dia contar...

escrevo mais uma página deste diário
que sei de cor, lembro seu inicio,
que partilhei, alimentei o vicio,
como se alimenta a alma...
um dia, numa varanda ao pôr do sol,
vendo o mar em múltiplas cores,
talvez te leve um ramo de flores
e façamos um brinde à vida... numa tarde calma...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


ainda que não libertem os anjos do céu,
ainda que o sol queime as asas que Deus me deu,
serão meus passos, meus guias, meu norte,
será meu pensamento o rumo, minha sorte,
até que o mundo vire tudo de pernas para o ar...
pouco importa....ser feliz, é uma forma de estar...



domingo, 6 de janeiro de 2013

O sino na igreja...


toca o sino na igreja,
e a cada batida,
perdeu-se um pouco de vida,
e nem demos por nada...

conta amor,
conta o tempo que lentamente passa,
o inverno frio, ou o verão com calor,
os sonhos inventados,
(dizes tu que apenas adiados),
e tanto, tanto, que temos para dar...

o sino continua tocando na igreja,
batida seca, segura e precisa,
e nós continuamos, de forma indecisa,
aguardando as andorinhas, a primavera...

no átrio da igreja, brincam as crianças,
parecem felizes, brincam com o tempo,
vês, haveremos de ficar ao relento,
e assim, controlar o tempo...sem o sino da igreja...

sábado, 5 de janeiro de 2013

Melodias....



melodias de paixão e desassossego,
invadem meu ser, ser em reconstrução...

deixo-me levar pela fascinação
a que me prendo, a que me apego,
como se melodias do coração...

em cada melodia, o canto da sereia,
sons do infinito, tal a magia,
fios de seda que me entrelaçam numa teia...

solto vivas à vida com som, alegria,
esperando renascer o sonho,
aguardando na noite que nasça o dia...