sexta-feira, 31 de outubro de 2014

outros sons...



aos meus ouvidos, no silêncio,
soam frases intemporais,
versos que rasgam os sentimentos
e lhes retiram das entranhas
tudo o que de belo canta o amor

felizes os "tocados" pelo dom,
que sendo grandes, sofrem na dor,
carregando dentro de si
um bater mais forte do coração...



quinta-feira, 30 de outubro de 2014

em de(composição)...



 escrevo num quadro,
fundo branco, algo piscando...

sem ser pelo punho da mão,
vai nascendo a composição
em formato memorando,
e emocionalmente tão virtual.

cada palavra, terá sempre um sentido,
mas logo à nascença perdido
nesta encruzilhada de linhas 
neste objecto sem rosto.

desligado da vida
mas acarinhado por gosto,
sempre fica triste a despedida
quando a composição parece renascer.

em formato memorando
e emocionalmente tão virtual,
ficam as frases, carentes do tempero, do sal,
almas perdidas, no tempo e no querer...


terça-feira, 28 de outubro de 2014

divagando...


faz-se tarde, amor,
e o tempo teima em correr
como se em busca de algo
ou fugindo do passado.

em vão semeio pontes,
caminhos, ou avenidas 
repletas de flores, 
onde te pudesse encontrar
num passeio primaveril...

não, agora lembro
que não gostas de flores,
e os passeios cansavam-te,
como se a cada passo
germinassem dores...

faz-se tarde, amor,
como tarde é passado
na noite que já chegou...
olho as estrelas, que já não brilham,
e pensando bem... talvez nunca seja tarde, amor...


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

pingos de chuva...


pingo por pingo,
um atrás do outro
e mais outro atrasado,
quando chegado
enfim ao destino,
em mil pingos transformado
de contente gritava:
"Biiiiiiinnngo"!!

Tão bom, tão doce
o cheiro a terra quente,
aqui e ali salpicada
e que prometia molhada
a noite, da chuva à muito carente....


domingo, 26 de outubro de 2014

o horizonte...




"olhando o horizonte..."
como se alguém pudesse descortinar
ou sequer imaginar,
o pensamento de uma criança...
"olhando o horizonte..."
como se a vida fosse do tamanho da visão,
ali, tão perto, quase na palma da mão,
mas infinitamente longe...
"olhando o horizonte..."
e pensar que vale a pena crescer,
com os erros de hoje, aprender,
e sentir que no vazio, sempre haverá uma ponte...


sábado, 25 de outubro de 2014

28 ºC....



quanto desassossego nas horas mortas,
no ar que respiro e me sufoca.
este tempo, já não é o meu tempo
nem das cigarras que deixaram de cantar...

devoro mais um cigarro
que queima tanto como o tempo que faz,
e nem o fumo que um dia ambos sugamos
me liberta a memória de tanto sonhar...

talvez o tempo tenha mudado...
talvez seja eu no tempo parado...

quem sabe, a areia da praia,
o suave beijo do mar
me faça renascer...acordado...


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

sinais...


nunca serão em vão
os passos dados,
no areal marcados,
nunca temendo o mar,
olhos nos olhos
como que a segredar,
"eu te amo"...

nunca serão em vão
os sorrisos na manhã,
abafados pelo cobertor de lá,
esperando que se fizesse dia...
as horas jamais existem
nem tão pouco a monotonia
se me dizes, "eu te amo"...



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

nas minhas mãos...



abro minhas mãos 
como se uma ave fosse voar,
ou um segredo a revelar...
foram estas mãos,
agora "presas" pela solidão,
antes portal de teu coração,
que elevo aos céus...
queira o vento,
o passar do tempo,
que me traga recados teus...


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

sons de outono...



do rochedo, ouvindo o mar,  fiz minha casa,
sem tecto, sem paredes, 
ou antes, meu tecto é o céu que me cobre,
e a lua, a luz que incendeia meus sonhos...

deitado, estendo minha mão até o mar que me rodeia,
toco ao de leve a água fria
e lentamente, na memória, é tua pele, 
a tua pele que por entre meus dedos fugia...



domingo, 19 de outubro de 2014

monotonias...


de que servem as horas de sol e luz,
da monotonia dos momentos,
do perfeito embalar das ondas do mar??

caminhando contra a ordem dos tempos,
palmilhando os segredos do areal,
talvez partilhe também os meus
como se houvesse sublevação das coisas,
a revolta natural das coisas...

sinto-me perdido neste Outono de Agosto...



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

passos perdidos...



o que fizemos ontem,
o que faremos hoje, amanhã,
que importa,
se de tanto correrem a calçada,
sentem-se perdidos os passos,
sem um norte,
sem uma luz na madrugada...

ouve, são as vozes do silêncio
te cobrando,
as mesmas que riam
quando teus olhos em pranto,
clamavam da ira do tempo...

o que fizemos ontem,
o que faremos hoje, amanhã,
que importa...
abre o baú da memória,
do teu pensamento, a porta
aos fantasmas que um dia fizeram história...


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

olhando a lua...



correm as nuvens no céu,
apressadas, negras e temerosas...
entre um e outro espaço, a lua,
cheia, no tamanho e nas interrogações,
e eu, pasmado na rua,
sinto-me tão pequeno,
mas repleto de emoções...



quarta-feira, 1 de outubro de 2014

o sorriso...


viajam pela mente
os acordes de teu sorriso...
parecem duendes
caminhando, dançando
por entre os espaços,
os espaços que todos os tempos
não conseguiram fechar
ou mesmo fazer de conta...