domingo, 20 de dezembro de 2015

dizem que é natal...


 seria bom falar de natal,
ouvir falar de natal,
talvez... fazer parte do natal...

ligo as luzes mais uma vez
em cada sala, em cada árvore,
e os presépios, (penso que três)
espalhados pela casa,
prosseguem com a tradição.

tantas as velas a iluminar,
e as prendas... um caderninho na mão,
e um aperto no coração
pelas lembranças por apagar...

talvez seja assim o natal...
luzes que piscam, insensíveis,
e uma estrela no céu, para desabafar...

seria bom falar de natal,
ouvir falar de natal...



sábado, 21 de novembro de 2015

renascer...



nascem histórias,
morrem histórias
numa lenta agonia,
tão repetitiva,
tão previsível...

quero histórias novas,
mais persistentes,
resistentes,
flamejantes
como a chama da lareira,
tão vibrante,
tão aconchegante...

oh irresistível cegueira...


domingo, 15 de novembro de 2015

(in)definições...





tão imperfeitas as palavras que escrevo,
no perfeito livro, no imperfeito sossego,
página por página, imperfeito alinhamento,
no perfeito tic tac do toque do tempo...



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

estrela maior...



sei que posso ter mil estrelas,
todas as que brilham no céu...
sei que posso adormecer na via láctea
e uma estrela a iluminar meus sonhos...
sei que sei o que não tenho...
tu, a estrela maior do universo...


domingo, 8 de novembro de 2015

horizonte...



ainda que caminhando,
onde os passos não levam a lado algum,
sempre se vê uma luz,
um horizonte,
um pôr do sol...
assim se esbate, se anula
o peso da cruz...



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

como uma borboleta...




há um tempo em que a vida foge,
se dilui por entre os dedos...

há um tempo sem tempo,
que ao abrir dos olhos,
renascem todos os medos
que hibernavam no pensamento...

ver-te, ler-te e sentir-te,
é como abrir um livro,
página por página,
e beber a doce história não inventada.

vejo-te livre, solta, 
batendo asas por entre os ramos da vida,
qual borboleta, tão leve, tão colorida...



sábado, 31 de outubro de 2015

da minha janela...



da minha janela, vejo tua varanda,
as flores que afagas com tuas mãos,
os vasos que tratas com carinho...

da minha janela, vejo-te baloiçando
na espreguiçadeira, tão leve, tão serena, 
e sinto que teu olhar fixa o horizonte,
e em teu rosto, reina a paz de um dia de primavera.

da minha janela, vejo um postal ilustrado,
uma foto tua (tinhas o cabelo apanhado),
e os lírios vagueando pelo monte...

a varanda? essa não existe...oh, quanta ilusão...
foi apenas uma imagem de um final de tarde...



quarta-feira, 28 de outubro de 2015

alucinações...












horas mortas na tarde cinzenta,
a chuva e o vento em sintonia,
como os amantes abraçados em qualquer esquina...

a sebe, de folha pintada de Outono,
balança ao sabor do vento
arrepiando a mente com imagens inventadas...

parece gente, ou espírito em forma de gente,
num vai-vem medonho, 
pronunciado pela luz do candeeiro,
imaginado numa mente débil e perversa...

ligo o motor do carro,
faróis em "longo alcance",
e arranque sem olhar para nada...

no meu horizonte, 
olhos que vêm, sem nada ver,
procuram a brisa da madrugada
e as imagens da primavera, para lá do monte... 




domingo, 25 de outubro de 2015

in(certeza)














é no silêncio que se esgotam as preces
as frases que não foram ditas
os olhares nas paredes vazias

de cada vez que fito o horizonte
não vejo céu, nem barco no mar
apenas a brisa me embala em seu manto...



domingo, 11 de outubro de 2015

foi ontem...


já ninguém lembra de ontem,
como se maldito fosse o passado, 
hereges as histórias contadas
e sofregamente vividas lado a lado...

já ninguém fala de ontem,
quais bocas seladas pelo tempo,
como se os olhos não falassem,
e o coração empedernido, se soltasse no vento.

o tempo, sempre o tempo, tempo com memória,
um dia abrirá o livro, página a página de história,
onde as imagens falam por si, sem legenda,
rostos doutra vida, talvez imaginada, talvez uma lenda...




terça-feira, 18 de agosto de 2015

porque brilha o sol....


quanta imensidão entre o céu e o mar,
vazio onde se perdem o pensamento e os sonhos.
bem alto, brilha o sol, clareando as ideias
e a alma, num sossego inventado pela luz ...
deixo-me adormecer qual pássaro na árvore,
atento e ao mesmo tempo quedo, quase irreal,
fingindo nada ver, nem ouvir, nem sentir.
talvez o sol não deixe de brilhar...
e talvez o vazio seja um mundo a descobrir...



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

apenas metal...



arduamente limpa o ferro,
rasga-o, mostra-nos a nudez,
quase suas entranhas...
assim age o pintor
perante algo inerte,
sem vida, sem forma de dor...



domingo, 2 de agosto de 2015

até o infinito...


sabe a domingo a manhã serena,
ainda que sem o sol de Agosto...
escrevo teu nome, colorido,
letra por letra, sob um fundo azul.
depois, desenho um barco e uma onda,
e assim navegamos ao infinito...


quarta-feira, 29 de julho de 2015

respirar.. é preciso...



como uma vela acesa num quarto escuro,
chama ziguezagueando entre a vida e a morte,
periclitante, mas com ânsia de chegar longe,
tão longe quanto o pavio deixar,
assim é o ar que respiro, sufocante,
impenetrável nas veias do meu ser.
imagem dilacerada, terrivelmente provocante,
de dias sem dias para viver...






domingo, 5 de julho de 2015

ondas de verão...



belas as manhãs de sol e mar,
de brisa, corpos morenos e ruídos,
ruídos de quem não tem o amanhã,
mas vive, devora cada momento,
como só as crianças, e as ondas no areal...

deixo-me embalar, e parto com os sonhos
na crista de cada onda,
até onde me leve o acordar...
como um barco que parte até se esconder no horizonte,
assim é meu desejo, vontade indelével
de não mais voltar...



quinta-feira, 21 de maio de 2015

oração...


apertamos as mãos como quem pede perdão,
elevamos o rosto ao céu
e balbuciamos palavras que ninguém vai entender...
no peito, a esperança a crescer,
o alívio da dor, uma estrela a brilhar,
um sorriso que só alguns vão ver...
aqueles que um dia nos fizeram sonhar...

e são aquelas palavras 
tão simples, e ao mesmo tempo belas,
de paz, ternura, agradecimento,
de simbolismo, pulsar intenso
num corpo em desmoronamento
que nos fazem acordar, renascer
para um mundo tão despojado de querer...

apertamos as mãos,
elevamos o rosto ao céu,
dizemos "coisas", pedimos "coisas",
e esperamos um sinal,
como uma brisa pairando no ar...só com um véu...


segunda-feira, 18 de maio de 2015

faz vento lá fora...



cada árvore embalada pelo vento
é como uma história, um livro,
folhas inacabadas, 
no dia a dia revisitadas
procurando um fim no tempo...

de nada adianta suplicar:
"vento, pára, tem dó, 
tão frágil o ser, tão carente,
como um ser humano ausente,
perdido, sem porto onde ancorar..."



domingo, 17 de maio de 2015

uma mão cheia de nada...


sabe-me a pouco o tanto que vejo,
e o que vejo nada me diz...
admiro-te tanto, tanto, meu mar,
mas vês, tenho-te aqui, preso na minha mão,
como uma ave que não pode voar.

assim são os desejos, o sentimento,
as emoções, os sonhos idealizados,
enormes quando partilhados,
desprezíveis quando alienados no tempo.

pudera eu ter braços do tamanho do mundo,
poros de minha pele que bebessem a cada segundo
as angústias de quem sofre, de quem não sabe sorrir,
e inventar a magia da esperança que há-de vir....


terça-feira, 12 de maio de 2015

jardins com cor...



plantaram árvores e esperança
naquele planalto de verde e sossego,
e no meio de tudo, a cor, o traje
dos espantalhos que falam...
sentei junto e ouvi as lamúrias pelo seu olhar,
da solidão que não fala, mas se sente,
do frio da noite que lhes humedece o coração...
quem disse que espantalho não sente,
que não chora, que não sabe estender a mão?
deixo-me ficar e adormecer ao relento,
ouvindo passos, vozes que não reconheço...
talvez seja tarde, fértil a imaginação,
e talvez não sejam passos, nem vozes, mas uivos do vento,
recados do norte, angústia e lágrimas de arrependimento...


sábado, 9 de maio de 2015

"viagens..."



nasceram as palavras, os afectos,
nasceram histórias, sonhos,
renasceu a quimera da vida...
toco levemente cada sílaba em teus lábios,
cada palavra dita e redita pelo teu olhar,
toco teu coração, tua alma perdida...

são gestos, apenas gestos
numa imaginação fértil,
num pensamento doentio e pela loucura ausente.
como se fosse um baú de recordações,
rasgo o sentido de cada frase dita,
suas entranhas, o amor ainda presente...

nasceram as palavras, os afectos,
nasceram em masmorras de dor,
em redomas de vidro que as sufocaram,
que as secaram quais mártires por uma causa maior...