quinta-feira, 21 de maio de 2015

oração...


apertamos as mãos como quem pede perdão,
elevamos o rosto ao céu
e balbuciamos palavras que ninguém vai entender...
no peito, a esperança a crescer,
o alívio da dor, uma estrela a brilhar,
um sorriso que só alguns vão ver...
aqueles que um dia nos fizeram sonhar...

e são aquelas palavras 
tão simples, e ao mesmo tempo belas,
de paz, ternura, agradecimento,
de simbolismo, pulsar intenso
num corpo em desmoronamento
que nos fazem acordar, renascer
para um mundo tão despojado de querer...

apertamos as mãos,
elevamos o rosto ao céu,
dizemos "coisas", pedimos "coisas",
e esperamos um sinal,
como uma brisa pairando no ar...só com um véu...


segunda-feira, 18 de maio de 2015

faz vento lá fora...



cada árvore embalada pelo vento
é como uma história, um livro,
folhas inacabadas, 
no dia a dia revisitadas
procurando um fim no tempo...

de nada adianta suplicar:
"vento, pára, tem dó, 
tão frágil o ser, tão carente,
como um ser humano ausente,
perdido, sem porto onde ancorar..."



domingo, 17 de maio de 2015

uma mão cheia de nada...


sabe-me a pouco o tanto que vejo,
e o que vejo nada me diz...
admiro-te tanto, tanto, meu mar,
mas vês, tenho-te aqui, preso na minha mão,
como uma ave que não pode voar.

assim são os desejos, o sentimento,
as emoções, os sonhos idealizados,
enormes quando partilhados,
desprezíveis quando alienados no tempo.

pudera eu ter braços do tamanho do mundo,
poros de minha pele que bebessem a cada segundo
as angústias de quem sofre, de quem não sabe sorrir,
e inventar a magia da esperança que há-de vir....


terça-feira, 12 de maio de 2015

jardins com cor...



plantaram árvores e esperança
naquele planalto de verde e sossego,
e no meio de tudo, a cor, o traje
dos espantalhos que falam...
sentei junto e ouvi as lamúrias pelo seu olhar,
da solidão que não fala, mas se sente,
do frio da noite que lhes humedece o coração...
quem disse que espantalho não sente,
que não chora, que não sabe estender a mão?
deixo-me ficar e adormecer ao relento,
ouvindo passos, vozes que não reconheço...
talvez seja tarde, fértil a imaginação,
e talvez não sejam passos, nem vozes, mas uivos do vento,
recados do norte, angústia e lágrimas de arrependimento...


sábado, 9 de maio de 2015

"viagens..."



nasceram as palavras, os afectos,
nasceram histórias, sonhos,
renasceu a quimera da vida...
toco levemente cada sílaba em teus lábios,
cada palavra dita e redita pelo teu olhar,
toco teu coração, tua alma perdida...

são gestos, apenas gestos
numa imaginação fértil,
num pensamento doentio e pela loucura ausente.
como se fosse um baú de recordações,
rasgo o sentido de cada frase dita,
suas entranhas, o amor ainda presente...

nasceram as palavras, os afectos,
nasceram em masmorras de dor,
em redomas de vidro que as sufocaram,
que as secaram quais mártires por uma causa maior...