sábado, 26 de outubro de 2013

retrato teu...




neste cantinho só meu,
sem o sol da manhã
nem a brisa do mar,
apenas um retrato teu
na parede, no écran,
janela para a ti chegar...




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

cegueira...


meus dedos ficaram cegos,
surdos e mudos...
mas sendo cegos,
aprenderam a sentir
o calor de teu corpo,
a suavidade de teu cabelo,
a maciez de teu rosto.

deixei-me levar
pela cegueira de meus dedos,
e passei a "ver-te" como nunca vi,
a ouvir-te num outro tom,
a sentir teu perfume,
até descobri labirintos
onde sem te ver...te encontrava...



terça-feira, 22 de outubro de 2013

ingénuo





ingénuo o ser que vê nascer o sol
e nem reparou que se deitou a lua...
assim são os amantes, que na rua
passam, quais ser insignificantes
mas que tomam a noite como sua...
oh, corações vazios, tão errantes...




sábado, 19 de outubro de 2013

como no filme...



somos actores,
actores maravilhados
pelo desejo que nos impele,
mesmo que saciados
e resignados ao toque na pele...

e como num filme de cinema,
somos actores
que decoraram cada pedaço de cena,
em poses de amadores
mas libertinos na entrega...

a câmara baloiça, mal segura,
por entre os dedos sem norte
nos gemidos de ternura.
estranha a forma, estranha a sorte,
num filme com laivos de loucura...



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

a voz...




a voz...
a tua voz,
a sonoridade de tua voz
no silêncio das paredes,
nas veias de meu corpo,
no ímpeto de minha alma...
e tudo flui em calmas águas,
tal e qual uma casca de noz...




quinta-feira, 10 de outubro de 2013

perfeito...



a música, batida suave, segue seu caminho
no ambiente quase puro, intimista,
qual suite dourada virada ao mar...

os namorados, em erótico carinho,
respiração ofegante, leve palpar,
deixam-se nas ondas embalar 
embebidos do amor, sexo em desalinho.

refreia o momento a brisa que passa,
e a exaustão deixa marca, graça,
nos corpos que se limpam.. no lençol de linho...



terça-feira, 8 de outubro de 2013

se fosses maçã...






como se fosses maçã,
meio verde, meio madura,
colhida ainda na manhã,
polpa segregando frescura.

nos olhos, a fascinação,
na boca, o êxtase do prazer,
evoluindo até a redenção
de não comer, para a não perder...






segunda-feira, 7 de outubro de 2013

como se fosse água...



como se fosse água,
gota de água,
pingo de chuva
ou de orvalho,
assim vai meu lamento
de árvore em árvore,
em cada botão de rosa,
em cada rebento,
ou na simples erva
na berma da estrada...

ao chegar ao palco maior,
á luz dos holofotes,
onde a plateia vai ver
escrita com dor,
rima desvirtuada,
alma sem dotes,
por favor, apaguem a luz,
0 silêncio me seduz...



domingo, 6 de outubro de 2013

Bom Domingo...


e é neste céu azul,
que voo qual borboleta
ao sabor da brisa,
sem destino,
mas com pensamento preciso,
"a vida, se vivida, tem sentido"...






sexta-feira, 4 de outubro de 2013

na noite, no silêncio...



noite... noite e silêncio,
acolhimento,
entretenimento,
um livro a ler...

na TV, imagens em corrupio,
no silêncio,
e de fio a pavio
escrevem-se coisas
só para dizer, "existo"...

apago a luz,
o sono fazendo sinal
de que é ele quem conduz
minha caminhada...afinal
minha vida é controlada...

fecho os olhos,
mil imagens no pensamento,
histórias, chamamento...
desligo a válvula de entrada,
venha depressa a madrugada...




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

rosa amarela...



desfolha a rosa amarela,
botão de rosa acabado de abrir...
no sossego do canteiro,
o sol a fazia sorrir,
talvez fosse o beijo primeiro
antes da chuva cair...

severas as chuvas de Outono,
o vento, o fim de vida...
ai rosa amarela,
tão bela, tão despida...