sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

aconteça o que acontecer...



aconteça o que acontecer,
serão meus olhos nos teus olhos,
meus lábios nos lábios teus,
minhas mãos segurando as tuas,
que te darão as respostas
que meu ser nunca te escondeu...           

aconteça o que acontecer,
não haverá serra nem rio,
nem mar, nem sombra de arrepio,
medos, atropelos da razão...
o caminho, o traçou o destino
numa manhã de sol e frio...

aconteça o que acontecer,
haja o que houver,
mil manhãs irão nascer
num mundo de sonhos e querer...


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

baú das recordações...


abre-se o baú das recordações,
palavra por palavra,
letra com letra, numa comunhão
de prazer, e tantas, tantas emoções...

as fotos, os sorrisos,
os cenários que foram paraísos
de momentos de paixão...

as lembranças, tantas...
o esfumar das esperanças,
que uma após outra, se perderam no chão...



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

gotas de água...



na praça da rua onde moro,
tem um lago e repuxos de água,
onde se sentam os namorados,
onde brincam apaixonados...

esses repuxos de água,
também eles são enamorados
que se soltam no espaço,
sorrindo para quem passa, num longo abraço.

um dia quis levar um  só para mim,
quem sabe gotejando água sem fim
alguém se sentaria a meu lado,
e até quem sabe, me acharia engraçado...

oh, quão triste e tão ignorante
quem se prende por algum caminhante...



na noite....



a noite é minha companhia,
tão só, mas vigilante, eterna timoneira
de meus passos errantes...
mas a cada raiar do dia,
solta-se de meus braços,
não vá alguém estar de vigia
e dizer ao mundo que somos amantes...

e voa, desaparece no clarear
de mais um amanhecer, para logo voltar...
noite, somos tão felizes assim...
tu, sombreando a luz da vida...
eu, entre tua sombra e causa perdida...




terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

vêm de longe...




vêm de longe os ventos, e as marés,
o silêncio em forma de murmúrio...
ouvindo a chuva, pressinto teus pés
caminhando sobre meu rosto
qual sombra etérea e em lamurio...

escuta... são as vozes de augúrio...

longe vão as manhãs de Agosto,
das areias confidentes e sigilosas,
as manhãs perdidas na serra, 
e o aroma do pinho no teu rosto
entre os gemidos abafados pela terra...



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

um mundo só meu...



sei de um mundo,
um mundo que é só meu,
onde os rios são verdes prados
e os mares tapetes voadores,
onde as flores são perfumadas,
e as árvores tocam o céu...

Um dia, ramo por ramo,
com a certeza dos sonhos,
subirei, subirei bem alto,
saltando de estrela em estrela,
e falarei com a lua...
ah se a lua me quisesse perto dela...

sei de um mundo,
um mundo que é só meu,
onde as lágrimas se sumiram
e os sorrisos renasceram,
onde as palavras suspiram
nos corações que em vão sofreram...


tanto mar...



lá fora já clareou o dia,
e hoje, até brilha o sol...
ouvem-se vozes de alegria
das pessoas que na rua
fazem compras, ou cochicham
da miúda que passa...
dizem que vai nua...

indiferentes, os pássaros no ar,
as rolas, as pegas, passarada em geral,
e é tanto o chilrear
que nem me lembro onde moro,
e este meu canto é à beira mar...

elevo meus olhos ao céu,
ao azul, antes do cinzento que há-de vir,
e esquecendo-me de mim, começo a sorrir,
tanto mar pela frente...um mundo que é só meu...


domingo, 23 de fevereiro de 2014

castelo de sonhos....




construí um castelo de sonhos,
sem alicerces, sem paredes,
sem portas, sem janelas,
apenas um espaço virtual
onde a gravidade nos fizesse viajar
pelos sonhos, de mão dada...

em cada sonho, uma fronteira,
o querer chegar mais longe,
nem que fosse a viagem derradeira
dos eternos amantes.

truz, truz, truz... bate um caminhante...
"só entras se vieres por bem,
se tua alma for um pedaço de céu, e não errante,
perdida, ou desprezada por alguém..."



bom domingo...



porque brilhas sol?
quem te fez feliz para sorrires assim?
repara, é apenas uma manhã,
apenas uma das muitas que hão-de vir...
Vá lá sol, se eu te pedir,
mesmo com esta lágrima no canto do olho,
deixas de brilhar, nem que seja só para mim??




sábado, 22 de fevereiro de 2014

tão perto... tão longe...



tão perto e tão longe,
quase ao toque de um dedo,
de um simples olhar...
sabes, podia-te contar um segredo,
não fosse alguém reparar
no soletrar de meus lábios,
ou no meu olhar, que não sei controlar.

tão perto e tão longe,
como se as distâncias, o céu e as estrelas
não fizessem parte de nós,
dos sonhos perdidos, inventados, aguarelas
por terminar, músicas que a viva voz
começamos e não acabamos...
sabes, tão perto... tão longe.. tão sós...


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

no espelho...



olham-se ao espelho em cada movimento,
em cada acto, sentindo o gozo intenso
daquela união, ainda que fugaz no tempo.

ao rubro, as paredes, as janelas semifechadas
pelos gemidos que rasgam o silêncio,
pela paixão dos corpos em horas sagradas...

em cada olhar, o prazer, a fascinação,
o delírio, como se houvesse paraíso,
céu dos amantes, no pecado... uma oração...


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

era uma vez um livro...

era uma vez um livro,
um livro de memórias,
mil páginas de vida,
mil páginas de histórias...
era um livro que falava,
que sorria (até chorava),
que até tinha personagens,
talvez bonecos, talvez miragens...

lê-lo, era entrar no paraíso
onde cada tema, de tão preciso,
era como se o vivesse
quem o tivesse, quem o lê-se...

aventurei-me na leitura,
página a página, com a ternura
de quem tem um filho na mão,
vivendo cada momento, cada ilusão...

mas o livro não tem fim... que pena...
são apenas retalhos de vida,
imagens, filme que nunca entrou em cena...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

buscando os sonhos...




segue firme seu caminho,
olhando o amanhã
como se não existisse,
e sempre que nele pensa, ri-se,
..o amanhã, o trará o destino...

é assim o amor de hoje,
sem futuro,  sem razão,
e da prisão foge,
das promessas lava a mão,
solto, vive o coração...

mas eis que lhe batem à porta...
não, não é o carteiro.
é a dor procurando abrigo...
"abre, gozei o ano inteiro,
tudo perdi, solidária estou contigo"....




terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

naufrágio...




abres teus braços,
como se abraços 
de amor..
incautos, meus passos
em silêncio, descalços,
seguem-te de cor.
curta a caminhada nos espaços...
solta, vincada, tons baços
é a tua pele, agora trajando dor...
sim, porque esses abraços,
são apenas laços
para um naufrágio maior...


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

ondas de ti...


são tuas vestes, as ondas
que a brisa faz baloiçar
em cada movimento teu.

em cada onda, repousa meu olhar,
meu pensamento, baloiçando num barco
sem remos, apenas navegar.

sigo viagem, mera miragem
nas ondas que são teu corpo
e meus desejos em libertinagem...

espera... despe-te de ti,
despe-te dos rios ansiando meu mar...
tanta praia, tanto areal por aqui...



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

boa noite...



eram de longe as pétalas das rosas
que a brisa suavemente me entregava.
perfumadas, aveludadas,
cada qual tinha sua cor
e cada uma seu recado de amor.

eram de longe os beijos da manhã,
o acordar de leve como o deslizar do rio
tocando solenemente nosso corpo,
e cada beijo, uma melodia,
uma história, um hino à alegria.

eram de longe os feiticeiros,
os artífices do medo e da penúria
que padecem pelos desencontros no tempo,
e o tempo, a sua capacidade de renovação,
tudo altera, até o que não mais tem solução...




quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

como um alvo...




como um alvo,
cada lança apontada ao centro
é um martírio, um lento sofrer
até que chegue o momento final...

com a suavidade da esperança,
lentamente se retira cada lança,
cada mágoa, e se tentam curar feridas
por entre lágrimas sofridas.

com os olhos martirizados, vidrados,
com os braços pendentes de cansaço,
deixa-se cair o guerreiro, sentindo falta do abraço
à tanto tempo prometido, e prematuramente roubado...



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

"dorme bem"



sem vacilar, em breve escrita,
saem das mãos o adeus, 
o silêncio em forma de palavras...
"dorme bem"...

como se do desejo em forma de ritual,
os sonhos e os pesadelos evaporassem
e deixassem o corpo levitar,
tal e qual uma pena de ave no ar...

a custo, relê a mensagem... "dorme bem"...
aperta-se o coração, os lábios
pelo mundo que ficou lá fora...
acorda manhã... chegou minha hora...




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

eram jovens...


eram jovens, amantes,
e corriam como as águas de Abril,
viviam como as estrelas no céu,
e sorriam como o sol no verão.

cada dia era como se fosse o amanhã
e o ontem já não existisse,
era como se o hoje fosse o amanhecer
do tanto que haveria a viver...

entre cada abraço, cada beijo,
um olhar, palpitação, desejo,
desconcerto com o relógio que não pára
nas manhãs de cada estação...

eram jovens e amantes
como as raízes das árvores frondosas,
entrelaçadas, vigorosas,
mas tão frágeis nas tempestades errantes...



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

faz-se tarde...


faz-se tarde...

pudera eu lançar a rede
e pescar todos os medos
espalhados nas veias,
todos os enredos
que me sufocam...

soltar-me dos grilhões
de todas as prisões,
romper todas as teias,
as agruras  que me tocam...

pudera eu ser mar,
ondas de rebentação
onde nada sobrasse,
nem do pensamento
nem do sonhar.

pudera eu ser infinito,
pedra, metal nobre,
um puzzle, um labirinto,
ou simplesmente o céu, que cobre
os pobres de espírito...


sábado, 1 de fevereiro de 2014

chegaste, noite...



chegaste, noite... ainda é tão cedo...

o livro ainda inacabado sobre a mesa,
os registos espalhados, alguns caídos pelo chão,
se alguém lhes toca, os lê, vão lá entender
as palavras do coração...

mas tu noite, és testemunha do querer,
quando na tua companhia, olhando o céu,
fazia versos à lua, e só ela me respondia
com o luar que só os amantes sabem ler...

chegaste noite... falta muito para ser dia?