sexta-feira, 31 de maio de 2013

ouvindo o silêncio...


por entre os murmúrios do silêncio,
as lembranças saltam, dançam
num carrossel algo sem jeito..
ah este silêncio das pedras presas,
da noite sem viajantes...

faz-me falta o espreguiçar do mar,
a infinidade no olhar,
faz-me falta ouvir o bater do coração
e os segredos da alma...

talvez o murmúrio do silêncio
me traga melodias de embalar,
e em sonhos a cor do teu olhar...

quarta-feira, 29 de maio de 2013

ainda é cedo...


ainda é cedo...

a noite é boa companhia,
mas o orvalho que cai
fazem-na fria,
impessoal,
sem máscara
humana ou fantasia...

aqui e ali os faróis
dos carros que passam,
e quando passam,
a aragem arrepia
como se o demo viajasse ao lado...

na algibeira, uma fotografia,
uns trocos para a bebida
que vai aquecer a alma...
a noite é boa companhia,
mas no vazio da noite
faz falta um abraço apertado...

terça-feira, 28 de maio de 2013

ainda há pouco chovia...


ainda há pouco chovia...

do canteiro do pátio,
quis escolher a flor mais bela,
perfumada e sem espinhos,
mas a chuva que tudo molhava
a beleza encobria,
e a flor que a ti destinava,
ficou adiada,
esperando por um novo dia...

que importa se a primavera
vai embora, 
ou se a chuva por aqui mora,
um dia o sol vai sorrir,
e terás um jardim a florir...


segunda-feira, 27 de maio de 2013

como uma árvore....



queria ser uma árvore
de longos braços,
fundas raízes,
em que meus abraços
tocassem teus ombros,
te prendessem a mim,
como um ninho de aves
feito casa de amor...

poderia vir a tempestade,
as chuvas de Abril,
poderia até vir o fogo
ou o abate sem dó,
mas acredita,
por cada ramo cortado,
mil rebentariam,
até se concretizar o sonho
de seres árvore a meu lado...


sábado, 25 de maio de 2013

um dia de cada vez...



acordo cada manhã
como se fosse o primeiro 
dia para viver.

ao acordar, sopro à vida,
levanto as mãos ao céu,
esqueço o passado,
o amanhã é já ali
onde se houve o rumor
das águas límpidas,
o bater do coração,
a voz cristalina na brisa.

viver, viver, renascer,
sentir que na montanha mais alta
a água viva brota para a vida...
saber esperar, não é morrer...


como pétalas de rosas...



como pétalas de rosas
aveludadas, sedosas,
assim são tuas mãos,
teus dedos,
teus seios (ah, teus seios,
como as maçãs verdes...)
teu corpo sem segredos,
e teus lábios de mel...

tão fácil embalar teu corpo,
tão difícil me esquecer dele...


sexta-feira, 24 de maio de 2013

nada a dizer...



entrego-me à noite com a paz
que me ditaram teus olhos.

em minha mente, não há amanhã,
não há futuro,
não há sonhos já sonhados,
apenas o presente,
apenas lembranças de ontem,
a envolvência dos sentimentos
e da paixão.

relembro cada frase, cada palavra
extraída de teu coração,
como se todas as paredes das casas fossem brancas,
e todos os jardins fossem verdes,
como se não houvera mais manhãs de nevoeiro,
e o mar fosse um lago de calmas águas.

o travesseiro é meu fiel companheiro,
e partilhamos, discutimos cada momento...
talvez sejam loucos os aprendizes do amor,
talvez  inventem fantasmas
quem é perseguido pela dor...


terça-feira, 21 de maio de 2013

se fosse tão fácil...



se fosse tão fácil
como prender o olhar
num ecrã, ou fotografia...

a mão se soltar,
trespassar o espelho,
tocar, abraçar,
como se houvera magia...

se fosse tão fácil,
nada seria virtual,
nem os mundos tão distantes,
mesmo quando em sintonia.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

de volta ao paraíso...




sabes, contaram-me um dia
que no firmamento,
bem dentro do céu,
havia anjos,
anjos como tu e eu...

e no céu, os anjos voavam,
saltitando, cantavam,
estavam no paraíso,
e as flores eram sempre belas,
e as aves faziam ninho nas estrelas.

por vezes passeavam-se o sol e a lua,
abraçados, ou de mão na mão,
e a terra ficava escura
quando o sol sobre a lua,
davam asas à paixão...

um dia, se me deres asas,
também quero voar ao céu,
e meu rosto sobre teu colo
vai adormecer,
porque teu sonho é igual ao meu...




sábado, 18 de maio de 2013

desejo...




se eu descrevesse em frases, palavras,
o teu sorriso,
se eu desenhasse em forma de castelo
teu doce beijo,
quem iria descobrir que nas nuvens
está teu corpo, 
voando sobre o meu, saciando o desejo...



terça-feira, 14 de maio de 2013

nas nuvens....



como se fossem manhãs de nevoeiro
ou fins de tarde sem pôr do sol,
assim vagueiam meus pensamentos
sem rumo certo, sem timoneiro,
desembarcando em terreno mole,
pantanoso, como se num cais de tormentos...

abro mão de minha jangada de pedra,
último reduto, tábua de salvação,
e pé ante pé invento nuvens, aconchego,
abraços no tempo à minha espera,
templo esculpido, quase tentação,
onde só o amor entra e ganha sossego...

segunda-feira, 13 de maio de 2013

ser criança... outra vez...



amanhã quero ser criança
como se calhar nunca fui,
fazer birras,
levar os cadernos á escola,
passear o pão seco na sacola,
andar descalço por aí...

fazer desenhos do sol sorrindo
e as casas com jardim,
barcos dançando no mar,
e meninos sem braços,
sem dentes, 
desenhos sem ponta, sem fim...

mas sendo criança, vou sonhar,
lançar papagaios ao vento,
barcos de papel na água do charco,
roda de bicicleta jogando o arco...
fazer de conta que viajo no tempo

talvez encontre namorada
qual boneca que a irmã tem arrumada...

amanhã quero ser criança,
mas também crescer, duma assentada...



domingo, 12 de maio de 2013

manhã de domingo....



faz-se tarde na manhã de domingo...

palmilhando a areia molhada,
apenas eu e o mar,
e o zumbido de barulho lá longe
talvez do lado da estrada...

que importa, se são os carros 
querendo estacionar,
ou as crianças chegando,
em algazarra para brincar...

continuo absorto nos pensamentos,
com a brisa sem teu perfume,
mas com teus encantos em meu olhar.

sabes, se me perguntares 
de que cor era a manhã de domingo,
eu só saberei dizer que era azul,
azul como teus olhos celestes,
que nos meus se perdem sorrindo,
porque nada mais eu vi
ou então no areal eu me perdi...



sábado, 11 de maio de 2013

na brisa...




brisa fria, agreste,
sacudindo, baloiçando a saudade
que forte bate no peito...
lá fora, quase o pôr do sol,
quase o fim de tudo,
ou o início do nada...
talvez eu voe com os pássaros,
ou ainda fale com as estrelas,
talvez faça jangada de sonhos
e me deixe levar na brisa do norte...

quarta-feira, 8 de maio de 2013

nas ondas....




Não sei que tempo é este
onde moro, onde se ouvem
os rumores de meus passos...

sinto-te bem perto mar,
e faz-me falta teu enlaço,
tuas águas, onde navegasse a caravela 
das tormentas e do cansaço...

destinos...


se eu pudesse,
plantava mil árvores,
mil flores,
semeava um ribeiro de mansas águas,
e assim
nasceria um lindo jardim,
onde se afogassem as mágoas...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

talvez não...


talvez não devesse partilhar
ou confessar o que sinto, mãe,
mas sei que me vais ouvir,
e fazeres questão de tua mão eu sentir
como se me quisesses proteger...
eu sei que me vais compreender, mãe,
e sei também que após a lágrima
que teima em cair,
com teu jeito de ser, vais sorrir...

tu sabes, e por certo já leste meu coração,
leste a tristeza em meu rosto
quando a saudade está de feição,
quando os dias não correm,
quando as horas parece que morrem...

e enquanto me é permitido,
deixa-me beijar-te, mãe,
deixa-me guardar esse olhar querido
qual moldura sem parede,
ou de outro local qualquer.

Esse teu rosto, que já teve beleza,
encanto e sorrisos de esperança,
continua lindo,
mas agora com sonhos de criança...
por isso, deixa-me também sonhar, mãe...



quarta-feira, 1 de maio de 2013

páginas....

 
 parece que fogem as palavras
de minha boca,
de meu olhar...

lembras dos dias que eu era um livro,
páginas que lias de cor,
ou de meu corpo que dizias ser um rio,
em que tu eras navio,
navegando ao sabor
das emoções,
das paixões,
sem amarras, sem porto final...?

Esses dias ficaram no papel,
em palavras desenhadas e coloridas,
aguardando o amanhecer...