segunda-feira, 30 de junho de 2014

cenários...



de uma frase, 
de uma imagem,
textos, linguagem
que fazem rir...

frase por frase
constrói-se o cenário,
num imaginário
perfeito,
como perfeito
é o sentir
de palavra após palavra,
já da máquina desligada,
continuar a sorrir...


nos braços da manhã...



deito-me com os sonhos,
acordo nos braços da manhã...

os raios do sol afagam meu rosto
e sinto seu hálito num terno beijo...
faz tempo, tanto tempo
que não sinto o calor de um beijo,
a maciez, a frescura de um lábio
percorrendo, tacteando
um corpo sedento...

faz tempo... tanto tempo...



domingo, 29 de junho de 2014

navegando...



de quantos paus se faz uma jangada,
uma bóia de salvação?
de quantos paus é feito um sonho,
e quantos os nós para a libertação??

um a um vou desfazendo,
mas eles renascem na palma da mão...

de quantos paus é feito um sonho,
e quantos os nós para a libertação??



sábado, 28 de junho de 2014

tu....



saboreio teu corpo na imensidão do desejo,
imagino-o, e ao fazê-lo, em mil retalhos
o recorto... em cada recorte, um beijo...




quarta-feira, 25 de junho de 2014

momentos...



e tudo é tão frágil, inconsequente...
que perdure o momento,
que seja alegre o tempo
como se um raio de sol
pela vidraça entrasse...
não somos donos de nada
e ao mesmo tempo, donos de tudo,
nos sonhos da madrugada...


terça-feira, 24 de junho de 2014

no teu olhar...



nas enseadas da vida,
tantos e tantos os atalhos
que levam a lado algum...
no fundo mais fundo de teu olhar,
o abismo, o precipício,
uma manta de retalhos
com que nos cobrimos ao luar...



utopias...



de quantas utopias
é feito um dia,
um olhar no horizonte...?
faz-se tarde, muito tarde,
e todos os sonhos
se perderam na maresia....



segunda-feira, 23 de junho de 2014

porque é S.João....



são horas mortas, sem sentido,
as que antecedem um grande momento...
não adianta fazer de conta.
as cores, os rituais, até o tempo,
são indelevelmente marcantes,
e para tantos, fascinantes,
como se uma noite, fosse uma vida...

ingrato, filho desnaturado,
quem do seu berço, casulo solitário,
não se junta com os cheiros, sabores,
risos e correrias na madrugada...
talvez se o fizesse,
se da noite fizesse sua amada,
seus olhos sorrissem, e de novo renascesse...


domingo, 22 de junho de 2014

na janela...



as janelas são meu refúgio,
meu ponto de partida 
e de chegada.
vejo quem não quero,
e outros, nem sei se vejo,
tal o voar do pensamento...
chove, parece louco o tempo...
talvez passasses na minha rua
se brilhasse o sol,
se o céu se pintasse de azul,
se nossa vida fosse um momento...


terça-feira, 10 de junho de 2014

nas asas dos sonhos...



como se tivessem asas,
voam os sonhos em voo planado,
ao sabor do vento,
deixai-os voar, dai-lhes tempo,
os sonhos têm destino traçado!!


segunda-feira, 9 de junho de 2014

mulheres de preto...


são sempre as mesmas
as mulheres de preto na rua,
levam canastras na cabeça,
e sacos nas mãos cansadas,
seguem descendo a calçada,
por certo falam de nada,
do silêncio nas suas vidas
e do vazio em cada jornada.

lançam o pregão ao povo que passa,
mas poucos ligam, outros acham graça
e até tiram fotografias
aos rostos sulcados pelo tempo...
sinto um aperto, aperto cá dentro,
onde de escuro também se veste o peito,
peito onde antes brilhavam os dias
e como as mulheres de preto, de preto é o meu jeito...


memórias...


virgens os meus pensamentos
em cada manhã, em cada acordar,
como se a vida fosse recomeçar
do ponto zero...
mas é tão efémero o momento...

olho os ponteiros do relógio
e sinto que se faz tarde...

impossível esquecer o passado,
o tambor do tempo, 
o ressoar a cada minuto do dia.
tentar dar a volta? oh vil fantasia,
a memória me prenderá como facto consumado....


domingo, 8 de junho de 2014

no espelho...


em teu rosto, as lágrimas que nunca verteste,
lágrimas por um amor ausente
que tornando-se estéreis, eternamente
carregarás em teu olhar,
serão lágrimas de dor, e de saudade... tão presente.

em teu rosto, o vazio de um olhar sem brilho,
espera dolorosa no tempo
por um passado sem história, varrido pelo vento
e para sempre perdido por entre os dedos,
de uma forma cruel, em tão memorável momento...

teu rosto... máscara perfeita, sem rugas,
sem idade, que o tempo criou...
apenas plástico, patamar que a alma alcançou
para não morrer, sempre que se olhava ao espelho,
para não lembrar o quanto sofreu... o quanto amou...


sábado, 7 de junho de 2014

outras viagens...


fica...não partas ainda,
tão cedo  para a despedida,
para um adeus sem palavras...
fica...não leves de mim 
os sons do mar,
nem o silêncio da serra...
fica...o céu é tão longe,
as estrelas ainda brilham
e a lua continua a contar-me histórias...

mas se resolveres partir,
não leves tudo de mim,
não leves os sons, os aromas,
não leves as imagens
não leves os gestos do amor,
os gemidos reprimidos...

fica, como ficam os loucos olhando a paisagem,
sem regresso, sem bilhete de viagem,
mas explorando os sentidos...


a carta que nunca escrevi...


meu amor, amor que nem sei se existe,
faz tanto, tanto tempo que partiste,
que nem sei se algum dia te conheci...

por certo algures nos conhecemos,
por certo em muitos locais amor fizemos
e fomos felizes...senão, não escrevia para ti...

mas sabes, são tão poucos os momentos de lucidez,
que nem sei quando vejo a verdade em toda a embriaguez
que me toma, quando leio o que escrevi.

chamei-te de "amor" como te chamaria outro nome qualquer,
desde que teu nome fosse um lindo nome de mulher,
mas não, não me lembro se algum dia o proferi...

olha, só agora me dou conta (ai esta minha cabeça...)
que não sei tua morada, nem sei a quem peça
que te faça chegar a carta, que escrevo e em voz alta reli.

se não receberes noticias minhas, se a carta se extraviar,
nada perdeste, quando a escrevi, senti-me sonhar
num amor que nunca tive, mas algures na vida eu sei... eu o vivi....



sexta-feira, 6 de junho de 2014

o espelho e a sombra...















há um espelho, 
a frente e o verso no espelho,
há uma imagem que a luz reproduz,
a sombra,
que não é o verso,
mas sim o inverso da imagem...
e há as fantasias
de vermos o que não se vê,
a imaginação,
a perigosa tentação
de ler o que não se lê...

há um não sei o quê
de te imaginar nua,
tua sombra propagada pela lua
num banco do jardim...
quem passa vai te possuindo
sem prazer, ou até fingindo,
mas no final, fica sorrindo
por estranho engano, a tentação do querer...


quinta-feira, 5 de junho de 2014

é tarde...



é tarde... tão tarde como a chuva que vai cair
num tempo que já não é o seu...
algures, esperando a sua vez,
a luz dos dias eternos, os aromas do verão,
os sorrisos, os passeios, mão na mão...
aguardo a chuva passar... sim, vai passar,
e assim que a brisa suave chegar,
mando-te um convite, um bilhete perfumado,
quem sabe mandarás resposta
num qualquer raio de sol, num breve afago...



quarta-feira, 4 de junho de 2014

estados d`alma...



seguem-me as ideias,
as tormentas,
os rabiscos na alma,
os gestos do corpo,
as tempestades na manhã,
seguem-me os odores,
as cores,
sim, as cores do sorriso...
que mais será preciso
para fingir,
que o dia pode ser o paraíso
repleto de flores?



terça-feira, 3 de junho de 2014

jogo da verdade...



em tanta verdade, que era tanta mentira,
em toda a mentira, tudo era verdade...
num jogo de ataques e pedra partida,
na dicotomia da sinceridade,
desassossegam os espíritos...oh cruel ferida...


segunda-feira, 2 de junho de 2014

recados...



batem de leve no coração...
será gente,
a brisa, o pensamento,
ou tão só minha imaginação
que não esquece,
retalhos de vida no tempo?

não ouso abrir...
estranha a forma de bater,
sem ruído
como se fosse apenas o sussurrar
do muito querer,
não fosse alguém entender...

batem de leve no coração...
piano, violino, um filme,
uma música, tanta recordação
que bate, bate em emoção...


domingo, 1 de junho de 2014

em teu ventre, manhã...


horas tardias para quem, na madrugada
se perdeu, e lentamente
vai sulcando passo a passo
o ventre da manhã,
pedindo um cantinho, seu espaço.

faz-me falta o grito do amanhecer,
a luz do olhar, 
o carinho de teu abraço,
o palpitar de teu corpo
na sede do querer.

horas tardias, tanto, tanto a dizer
em palavras que não se ouvem,
que se dissipam entre as quatro paredes...
só vós sabeis entender
o fogo dos sentidos.

esconde-te noite, deixa clarear,
renascer a emoção,
reacender o fogo do luar da paixão
por entre as estrelas...
deixa-me sair de teu ventre, manhã....




livros...


na minha secretária,
livros que eu não li
romance, história,
género light também,
são livros que comprei
e a ti dediquei,
como se dedica um poema,
uma canção,
ou tão somente o refrão...

um dia, ao ler,
vou pensar que estou a ler para ti
numa cama sentados, 
por entre os lençóis amarrotados,
e sei que vais pedir para reler
uma frase, um parágrafo,
e tudo entender
como se fizesses parte do guião,
actor com direito a opinião...

sabes, faz-me falta 
o que nunca falta fez,
que é ver-te um livro desfolhar
como quem muda a roupa de um filho,
e tudo assimilar,
quantas vezes comparar
o incomparável,
porque um livro é uma história, uma ilusão,
muitas palavras paridas pela mão...





outros voos...



sigo a borboleta,
que de flor em flor
vai pousando,
bate asas
e vai voando,
e na sua fragilidade
não se cansa...

ainda que fustigante a brisa,
vai voando, esvoaçando,
fugindo do caçador,
de quem lhe inveja a cor
e a quer tornar presa...sem vida

de que serve entre as folhas,
entre o esquecimento do armário,
sem vida, sem liberdade?
Gosto de ti borboleta, voando na minha cidade...