sábado, 11 de fevereiro de 2023

fazer de conta...

 







é inútil ficar, permeável 
a este ar que me incendeia
nesta terra agreste, indomável,
rios onde as águas secam,
e os mares são castelos de areia 
intransponíveis...

nos mais secretos sonhos, 
o teu rosto projectado 
na lua
reflecte-se no meu leito,
só a imagem de ti
e o rumor de teu afago 
em meu peito...

é inútil ficar, fazer de conta,
quando no íntimo de mim desponta 
a vida, escalada sem jeito...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

o limite da razão...

 








as imagens ferem como lâminas,
sem sangue, sem vestígios,
apenas ferem... ferem
e destroem o limite da compreensão humana...

porquê? qual a razão?
questiono-me, e as respostas são vazio, são em vão...

as percepções até aqui intocáveis, assumidas,
desmoronam-se, tal como aves que tombam feridas!



"leveza das palavras"

 








soltam-se as palavras,
como folhas secas
desprendidas das árvores,
ou arrancadas pelo vento...

leves e sem conteúdo,
ou pesadas, curvadas pelo tempo,
as palavras têm os segredos
que os lábios interpretam
na troca de olhares.

soltam-se as palavras
ao sabor da brisa,
no perfume exalado
numa conversa no tempo prometida.

e necessárias, as palavras adormecem,
serenas, num sono profundo,
como se não houvera amanhã...


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

leveza do toque...

 








é cedo, lenta a madrugada,
rumo ao mar, a ondulação,
a brisa na crista da onda...
e no meu rosto...

sigo em frente,
com perfeita noção,
que todo o coração sente
alguma nostalgia, com este horizonte...

passo apressado,
o pensamento para lá do infinito!
ah se estivesse sozinho,
se minha liberdade fosse um grito,
ansiando um navio ou uma cápsula do tempo...

ou um abraço... apenas um abraço,
uma brisa suave,
um toque, um passatempo...

e continuo no meu mundo, passo a passo...