segunda-feira, 24 de outubro de 2016

perfil...








ontem éramos tantos,
de tantas as brincadeiras,
os amuos,
os dias sem horas
e tantas as horas sem beiras...
tínhamos o poder da multiplicação
e a arma de tudo acabar,
e ficarmos só nós,
nós e a solidão...
 
mas tu sabes,
pelo brilho de teu olhar
todas as portas se abriam,
e tudo ganhava vida
onde a morte já reinava
em mortalha no leito estendida.
 
é assim que ainda te vejo,
com o brilho no olhar,
mas distante,  no tempo perdida,
com a lua por companhia...
só tu e a sombra de ti,
por trilhos sem norte, sem um abraço ao chegar...



sábado, 22 de outubro de 2016

na noite...







não sei onde nasce a noite,
nem o vento,
nem a chuva que forte cai,
mas deve vir de outro mundo,
sem gente,
sem céu, sem lua.
 
a noite que parou na minha rua,
mete medo
às gentes, aos animais
que ninguém vê,
porque se esconderam, em segredo...








segunda-feira, 17 de outubro de 2016

por outro lado...










cansei de olhar a vida
com os olhos do passado,
vidrados, pasmados numa ponte perdida
que não une mais as duas margens...
hoje, olho o sorriso da manhã,
o encanto sereno das palavras por dizer
mas que os olhos não sabem esconder...
e assim nasce o dia,
dia após dia,
sem sobressaltos, apenas reboliço
no mundo dos sonhos,
onde tudo pode voltar a acontecer...



domingo, 16 de outubro de 2016

meu mundo...




quanto encanto este mundo que me rodeia,
com cheiro a mar, cheiro a algas na areia molhada,
e cheiro a gente que apressadamente se passeia...
outros correm, olhando em frente, corpos suados
como fugindo do nada...
do meu canto, batido pelo mar e pelos pensamentos
vejo tudo em frenesim, sem contratempos
porque o "fim do mundo" é já ali, qual meta de chegada
até um novo dia chegar.
do meu canto, curto reinado até a maré me expulsar,
finjo nada ver, nada comentar,
apenas observo, sorrio e não digo nada...

sábado, 15 de outubro de 2016

chove lá fora..



chegou a noite com mais um findar do dia,
como chegam todas as noites,
em silêncio, apenas quebrado
pela sensibilidade da alma à escuridão.
e com a noite, o sereno bater da chuva no telhado
qual cortina esvoaçando na janela pela brisa da manhã...
como lamento não sentir o cheiro da terra molhada,
nem ver o fio de água que corre e se avoluma
até chegar ao extenso mar...
são tantas as paredes que me cercam,
feitas de massas impenetráveis,
ou de memórias infindáveis...
são estas as paredes que me prendem
e que torturam o passageiro do tempo,
já sem o tempo sonhado,
e no tempo há tanto tempo esquecido...