sábado, 31 de maio de 2014

outros horizontes...


abro meus horizontes,
minhas fronteiras,
e todos os caminhos agora são meus,
estradas, avenidas,
até o caminho das estrelas,
tudo está à minha frente

como quem viaja, e vê uma miragem,
no pensamento, a fantasia
dos loucos, a fugaz alegria 
de que é possível seguir sempre viagem.

abro meus horizontes,
minhas fronteiras,
agora sem portagens, sem montanhas,
sem mar, sem rios, sem pontes,
apenas avenidas de flores e cor,
árvores ladeando quem passa em esplendor...



quinta-feira, 29 de maio de 2014

palavras mal(ditas)...





vêm no vento as palavras que foram ditas,
sonhadas, e que julgavamos abençoadas
por um deus um dia inventado.
uma a uma são decifradas
e já não dizem nada, tudo é vazio,
nem existem como caracteres desenhados...

devolvo-as ao vento, ao tempo passado,
em formato amarrotado
como quem faz bola de papel...
se eu fosse jogador, mesmo jogador de rua,
chutaria bem longe a bola, se possível até a lua,
ou até saturno, em forma de anel...

terça-feira, 27 de maio de 2014

meu mundo...



subtilmente abres as portas do meu mundo,
lado a lado com a inocência no olhar,
e é nesse olhar, sereno e profundo,
que me questionas, sinto-o, e mesmo sem falar
lês todo um ser, como se um livro aberto...

nada escondo, e de te sentir tão perto
baralham-se minhas contas, o atrevimento
renasce, florescem, incendeiam-se mil ideias
numa mente que te despe no momento,
e me encanta, como se embalado por mil sereias...

ouço o mar, a espuma se sumindo no areal,
outros ruídos, tentativas de afastar meu medo,
dúvidas...e nesta guerra, minha, invento um sinal,
armadilhas, se invadirem meu refúgio, meu rochedo...


segunda-feira, 26 de maio de 2014

aromas da manhã...


no ar fresco da manhã, os aromas,
as lembranças, as palavras
ainda ressoando no tempo,
com toda a gente que passa
com ou sem destino certo...

que importa... leva-as o pensamento,
as horas certas do relógio,
e nem reparam quem fica,
quem, no olhar, está ausente
ou tão só, só, no meio da gente...

o ar fresco da manhã, é uma ilusão,
é um escape, hipotética recaída
nos caminhos sem direcção,
ou trilhos perdidos...quantos, sem saída...


domingo, 25 de maio de 2014

outros olhares...


quando olhavas meus olhos e vias o mar,
dizias que te sentias baloiçar
num barco, em calmas ondas,
navegando num mar sem fim
como sem fim era a paz no meu olhar...

falavas das estrelas, falavas do luar,
falavas do desejo de ser anjo,
e sendo anjo, eu voaria em tuas asas
pelo paraíso que inventaste para nós...

mas os olhos cansam-se no tempo,
e onde vias mar, nasceram nuvens,
castelos cinzentos, ameaçando tempestade...

já não serias anjo, nem terias asas,
e o que seria paraíso, não passam de dunas
onde o mar bravo trai os namorados...


sábado, 24 de maio de 2014

apenas eu... e o silêncio...


remete-se ao silêncio,
ouvindo o silêncio,
os sons da alma...

tão claro o silêncio,
tão visível,
tão transparente...

mede cada palavra,
cada sílaba,
e sente o que sempre sentiu...
o silêncio não mente.

olhos nos olhos,
o silêncio entre os lábios
e o sentir do bater do coração...
a alma lê... a alma sente....

tão claro o silêncio,
tão visível,
tão transparente...



sexta-feira, 23 de maio de 2014

imagem...



de mil imagens se veste um corpo,
imagens de fantasia, uma a uma
passando vertiginosamente, 
no tempo que o pensamento consente.

e tudo é tão ilusório, tão fugaz,
o registo que o espelho nos traz,
quando tudo ainda é inocente...

passam os anos, registos que lêem 
o que os olhos não vêm,
mas quem quiser ver, o espelho não mente.....


quinta-feira, 22 de maio de 2014

ares de primavera...



gosto da primavera,
gosto das cores, do reboliço
que o vento lhes traz
como querendo chamar a atenção...
gosto da magia da renovação
em cada planta, sopro de "vida"
que se vai perdendo até o fim da estação...
sim, gosto da primavera,
da brisa fresca na manhã,
do céu azul, como se pintado em aguarela,
mas por mais que eu goste da primavera,
sinto que ela não gosta de mim...


terça-feira, 20 de maio de 2014

na palma da mão...


é nas águas calmas de um rio
que navega o pensamento,
sem barco, sem remos,
apenas flutuando, deslizando
tal a leveza que leva dentro...

não ousem tocar, acordá-lo,
ou numa pequena onda
puxá-lo à margem,
pretende-se demorada a viagem
antes que o mar possa levá-lo...

se chegarem as chuvas de Abril
e se os desenlaces forem mil,
outras águas calmas surgirão,
num rio, num ribeiro, numa concha em minha mão...


segunda-feira, 19 de maio de 2014

minhas mãos nas tuas...


prende minhas mãos nas tuas,
sente, lê cada palavra
escrita pelos meus dedos
como se escrita pelos meus lábios
nos lábios teus...

lentamente, degustando o prazer,
lembra do chocolate,
das amêndoas na Páscoa
ou dos morangos de paixão,
por entre o espumante no verão...

espera, sente o calor de minha pele
tacteando a tua pele,
os dedos novamente escrevendo
todos os passos a seguir...

teus olhos, teus movimentos
pedem mais, erecção dos sentidos
em tantos planos proibidos...
prende minhas mãos entre as tuas,
como se, bem fechadas,
guardássemos eternamente a vida...




sábado, 17 de maio de 2014

utopias...



não foi em vão 
que na noite trilhei caminhos,
atravessei riachos,
e ouvi os sons do coração.

não foi em vão
que subi escarpas,
serras, derrubei muros,
e te estendi a mão.

não, não foi em vão
que despi os medos,
enfrentei oceanos,
e sem armaduras de aço, disse "não".

acredita..eu acredito... não foi em vão
o beijo que ganhamos,
o abraço que o frio selou para sempre,
e hoje sentimos, como singela recordação...

mas sabes, talvez fosse em vão,
se o "amanhã" fizesse parte do refrão...



sexta-feira, 16 de maio de 2014

raízes... de vida!!



parecem iguais os dias de todos os dias
como iguais as histórias  de vida...
mesmo ao lado, as árvores que crescem, crescem
e que nem demos conta... como cresceram
dizemos nós, quando olhamos em retrospectiva...
a nossos pés, as raízes que tudo tomaram,
que se alimentaram
e nós nem sentimos.. e elas ali, rebentando os caminhos...

parecem iguais os dias de todos os dias...
mesmo sentindo nas veias, 
no mais profundo do ser
que as histórias de ontem são páginas viradas,
a cada novo dia, a cada novo respirar
como as raízes que crescem, crescem,
haverá sempre um capítulo a recordar,
ainda que o livro esteja inacabado...


terça-feira, 13 de maio de 2014

o tempo e os loucos...



quão levianos e soltos
os caminhos traçados,
meticulosamente 
na mente gravados,
no sangue... 
na vida....

quão levianos e loucos
os que se perderam,
os que se baralharam
em encruzilhadas
de mil saídas,
que não eram mais que mil entradas...

quão levianos e imprudentes
(e que também foram loucos),
os que se julgaram amantes...oh inocentes,
tudo perdestes...em encruzilhadas que eram d`outros...


segunda-feira, 12 de maio de 2014

meu relógio...



horas tantas, e tanto o silêncio
nas tantas horas que o relógio tem...
compassadamente, gira, gira,
enjoa o espírito de tanto vai e vem...

e neste silêncio, mata a alma,
noite após noite, dia pós dia,
até que um dia, morra o relógio também...


domingo, 11 de maio de 2014

outras árvores...



sinto que nasci árvore de mil folhas,
sendo que cada folha seria uma história de amor...
algumas caíram ao crescer, sem dor,
outras se agigantaram,
e a pouco e pouco, sinto que me vergaram,
por não quererem voar,
ou até, simplesmente planar
na brisa que passava...
(amar, é seguir viagem em qualquer estrada...)

passados tantos anos,
a árvore vai crescendo quase até o céu,
contam-se os ramos,
as folhas ainda verdes, sem danos,
e novos rebentos espreitando a vida...
(amar, é uma longa estrada, quantas vezes proibida..)




sábado, 10 de maio de 2014

minha "casa"...




minha casa não tem portas,
não tem janelas, não tem grades...

minha casa é tal e qual um coreto
onde tocam as bandas de música,
onde se vêm as pessoas, olhos nos olhos,
sem segredos ou qualquer medo...
esta casa, sem janelas, sem grades,
é resistente, tal e qual um rochedo...

mas esta casa (como é possível??),
tem sentimentos... é um coração,
é um vai vem, sempre pulsando,
e vai aguentando
uma após outra, a desilusão,
mas sempre dá a mão, buscando outra mão...



domingo, 4 de maio de 2014

outras pontes...



quanta sede em meus lábios,
nestes olhos queimados e tristes,
pelos teus, que na manhã seduzistes
e entre nós se fez ponte.

num corpo parado olhando o horizonte
qual navio naufragado aguardando abate,
já não choram os olhos (é bom o disfarce),
mas morreram as palavras, os risos, ficou a dor...

enrolando na areia, vem o mar no seu esplendor,
e o que ontem foram dunas, espaços dos amantes,
tudo se perdeu, restam as memórias já sem graça.

fica a sede em meus lábios, no pensamento que passa,
até que chegue o dia, em que tudo será como dantes,
sem resquícios de sede, sem pontes entre nós...



sábado, 3 de maio de 2014

no silêncio...



em vão troco as voltas ao pensamento,
ao diluir das palavras já gastas,
como se as histórias não se perdessem no tempo
e ficassem só os títulos, amarrotados, em velhas pastas...

num ápice, um turbilhão de momentos,
os olhares que liam a alma, os beijos que nos uniam
num só corpo, e que de tanto amor sedentos,
tudo parava, como os anjos previram e queriam

faz tanto vento lá fora nesta manhã de sol e cor,
e tudo aqui é silêncio... veste-se de luto o meu amor...


sexta-feira, 2 de maio de 2014

escrevo para ti...


escrevo para ti, 
com as palavras coloridas que invento...
Sabes, nunca fui bom pintor,
mas as palavras aqui desenhadas
ganham cor,
ou não fossem palavras de amor...

assim, amor
rima com flor,
e o pequeno ciúme
rima com perfume.
saudade...
essa só rima com verdade,
a verdade dos corações sinceros,
sem os espinhos das rosas
mesmo nas mais formosas.

escrevo para ti, 
num dialecto que os olhos entendem,
que os lábios percebem,
e ao escrever-te, meu coração sorri...


teu afago...



sinto teu toque em meu rosto,
teu afago nas manhãs de primavera,
no pôr do sol no verão.
em cada afago, um sopro no coração,
com palavras que só ele entende...

abro a janela para a vida,
preciso te sentir novamente
na brisa que tarda chegar...
talvez tenhas adormecido, ou te sintas perdida...
Amor, ainda é cedo, tenho todo o tempo para amar...

e são estes gestos que se repetem,
gestos que não mentem,
como dois corpos se amando,
se fundindo no acto,
almas gémeas gemendo e vibrando...


quinta-feira, 1 de maio de 2014

céu azul...


passam as nuvens, voam,
deixando ver o céu azul,
e eu só queria ver o céu azul,
o azul dos sonhos,
o azul da infância,
sem nuvens, sem sombras...

nuvens que passais,
sombras, ou almas viajantes,
descansai, que os passos errantes
do caminhante sem destino,
tenha o azul do céu por companhia,
uma luz, um anjo no caminho...

meu anjo da guarda,
minha lembrança de menino,
(sim, sempre lhe rezava em pequenino),
olha por mim... não quero ir na nuvem que passa...