segunda-feira, 29 de julho de 2013

outros sabores....














faz-me falta o perfume de tua boca
por entre a maresia do mar...
cada gota de água,
este salgado mais que mágoa,
é o equilíbrio, o ponto perfeito
entre o querer e o ter,
o desejo e a indiferença,
que teus lábios não sabem esconder...





na janela...




na janela, perde-se o olhar
por quem passa, por quem nada diz...
são gente anónima, 
como anónimo é o meu ser,
escondido, perdido,
por entre os cortinados que esvoaçam.

apetece-me dizer "entra"
ao sorriso de uma criança,
ao olhar a medo da gaivota,
á lua que envergonhada espreita,
ás estrelas que brilhando,
ofuscam meu olhar...

quedo, deixo-me ficar
vendo o tempo partir,
a vida na vida voar....




sábado, 27 de julho de 2013

sensações....



parecem possuídos os amantes
por entre as areias da praia...
caminhando entre outros, errantes,
buscando em cada espaço, seu espaço,
a libertação das chamas flamejantes...

as areias se movem pelo deambular
dos corpos suados,
inebriados pelo ondular do mar.
os lábios se contorcendo, 
os gestos ritmados,
no tempo embalados,
até á completa libertação, 
gemidos ecoando no ar...

em paz, olhando o azul mais azul do céu,
riem e choram como crianças felizes,
e do oficio parecem aprendizes,
até uma outra vez,
até as chamas se reacenderem...



imagem....



soltou seus longos cabelos,
despiu-se das vestes de passeio,
e assumiu sua liberdade na rua...

quem passava, parava, vê-la ali, dançando na chuva
ainda que semi nua,
contornos suaves, quase audazes,
tentadores, para quem sonha.

mas em tudo o resto, era alheio
seu corpo, que molhado pela chuva,
bronzeado sobressaindo nos parcos raios de sol,
dava asas à imaginação...e dançava...

e dançava... até seu corpo cair na exaustão...
deixou-se amparar pela árvore da praça,
pelo banco de jardim, refúgio de quem passa...
pudera eu te abraçar... ou só tocar tua mão....



sexta-feira, 26 de julho de 2013

Melodias....


sentou-se na berma da estrada,
e no silêncio do nada,
o seu silêncio era uma canção,
não uma canção sem alma
ou de vozes sem emoção,
mas uma canção celestial
como só é cantada
quando soa a voz do coração...

rendiam-se os animais escondidos
pela vegetação,
os arbustos, as árvores
que se vergavam, não pelo calor da estação,
mas pela emoção dos sentidos,
e ali, pasmados, entretidos,
se entreolhavam, no espaço perdidos,
ouvindo o silêncio...em forma de canção...

tristes os que não ouvem,
não sabem ouvir o silêncio,
tristes os que no ruído da vida
não param, escutam o próprio sangue correndo nas veias,
e sem alaridos, ou amarras das teias
com que se prendem, não vêm saída
para um caminho em forma de Luz...



quinta-feira, 25 de julho de 2013

apenas um gesto...



anda comigo
ver o mar,
sonhar navegar
em cada onda,
ainda que de areia
banhada pela espuma...
e, quando em mar alto,
quase tocando o céu,
eu te prometo,
se for noite de estrelas,
serás uma delas,
ainda que apoiada
sobre meus ombros...
Assim, bem no cimo,
sentirás a emoção
de que o teu mundo,
é o meu mundo,
bem na palma da mão...




quarta-feira, 24 de julho de 2013

momentos.....



apenas um beijo na brisa da tarde,
um olhar ardente no tempo que passa,
um cigarro partilhado por entre o desejo
que fervilha, olhando o rio, águas mansas...

e de pequenos nadas, se faz história,
por entre caruma e azul confidente,
no silêncio dos pássaros que esvoaçam,
no comprometimento das árvores surdas...

deslizam as gaivotas nas águas paradas,
tecem-se sonhos na brisa que passa...




sexta-feira, 19 de julho de 2013

descendo a calçada....






felizes, descem a calçada,
rua de pedra mal amanhada,
os namorados da minha rua...

fito-os pela janela do tempo...

ela parece dizer-lhe que sim
por entre o olhar difícil de entender,
ele, sem jeito, olhar meigo e tenso,
deixa-se levar pelas pedras da calçada,
como se ao fim, houvera um jardim,
um jardim de promessas, ribeiro manso,
outros namorados em festim...




terça-feira, 16 de julho de 2013

lembranças....



lembras das pedras e das árvores
tristes, frondosas, mas tristes,
que flectiam na nossa passagem
como se augurassem má viagem?

sabes, lembro que os caminhos
subiam, subiam rumo ao céu,
que era azul, como o azul da alma,
como as manhãs que te vejo só com um véu...

incautos, descuidados e infelizes,
quanto fomos aprendizes
do tempo que não soubemos ler,
que do azul do céu, também pode chover....



gestos....




patéticos os gestos dos amantes,
que, irreflectidos,
se lambuzam para quem passa...
abanam a cabeça os mais crescidos,
invejam os restantes,
eu... eu fico feliz, se ela me abraça...






sábado, 13 de julho de 2013

contra a corrente....



ouves os sons da alma,
os repliques da dor?
os risos do silêncio,
as metamorfoses do amor?

descendo pelos confins da serra
de onde não se avista o mar
nem o carinho no olhar,
tudo é solidão...
é o arvoredo escondendo a luz,
vidas que não se vêm,
máquinas na contra mão...

descendo pelos confins da serra,
sonhando um dia subir...e tocar o céu...