domingo, 29 de maio de 2011

Nos meus Sonhos



Nos meus sonhos

verdes eram os prados

onde as flores falavam

e os animais cantavam.


Nos meus sonhos

os rios eram de papel

sem pontes

sem margens.


Nos meus sonhos

eu subia aos céus

buscando estrelas

que enfeitavam teu cabelo.


Nos meus sonhos

a vida era um sonho

onde quem entrasse

vivia eternamente.


sábado, 28 de maio de 2011

Tarde de Inferno...



De cinzento e triste se veste o céu,

tudo ardendo na planície rasa,

será assim o inferno em brasa,

ou o fim do mundo que se acendeu?


Dispo-me preparado para tudo,

e entrego a alma ao criador,

minha mortalha coberta de flor,

e na cova funda livros para estudo...


De cinzento e triste se veste o céu,

tudo ardendo na planície rasa,

estou pronto, já me despedi da casa

e dos amores que a vida me deu...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

As Andorinhas



Um dia, ainda eu era criança

na minha mão vieste poisar

e prometeste sempre voltar

com a primavera da esperança


Mas a primavera está a acabar,

logo, logo será verão,

sem ti, será a desilusão,

de não valer a pena sonhar.


Andorinhas da minha rua

seres graciosos a esvoaçar

se preciso peço à lua

e à minha estrela do mar

para que vos faça voltar...


Andorinhas da minha rua

sem vós a primavera ficará nua...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Apenas uma letra....



Foi de tarde que te vi

e na tarde se fez dia

quando a saudade sofria

por não te ter aqui


mas minhas preces ao vento

minha tristeza sem fim

te trouxeram até mim

trocando as voltas do tempo


Nada digo do que sei

e o que sei é meu castigo

por te trazer sempre comigo

onde foi que pequei??


Olhos verdes são perdição

setas encantadas no pensamento

seu veneno, meu alimento

batida certa de meu coração


Nada digo do que sei

e o que sei é meu castigo

por te trazer sempre comigo

onde foi que pequei??


Nada digo do que sei

e o que sei é meu castigo

por te trazer sempre comigo

onde foi que pequei??

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Águas de Maio



Cega-me este calor que me rodeia,

este fantasma que ninguém vê mas sente,

manta que nos cobre tão ardente,

que tudo queima para quem semeia.


E eu te chamo água da vida,

gotas que imploramos a cada momento,

e enamorada ou sem discernimento,

afastada andas, errante, perdida...


Repara, até as flores choram,

e as aves, vê, quanta loucura,

seu piar é um lamento de secura,

e até as grandes árvores imploram...


Deixa-me dizer-te, é uma promessa,

se na noite, nesta noite de inferno

desceres sobre mim, como se fora inverno,

virei dançar na rua, até que amanheça...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu e a Lua



Quem na noite apagou a luz,

se interpôs entre mim e a Lua,

quem por ciúmes a tomou "sua"

pensando que a seduz?


Lua das mil e uma noites,

dos sonhos, das escapadelas,

dos encontros nas janelas,

dos raspanetes, dos açoites...


Fazes-me falta lua,

faz-me falta o tempo que passou,

das frases que, para ti, cada um jurou,

dos sentimentos perdidos na rua...


Olho o céu mais uma vez...

Negro, "figuras" em movimento,

augúrio de grande tormento,

e eu não te vejo Lua, outra vez...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Como uma Flor




Madrasta foi a mãe natureza

quando me viu nascer,

tolhendo-me a beleza de meu ser,

cerceando-me na infinita pureza.

E assim, crescemos desiguais,

belos e puros na alma, uns,

outros, esbeltos, fenomenais...


Tomara eu nascer de uma flor,

botão perfeito, ganhando cor,

companhia certa no amor,

última companhia na dor...

Ah se eu fosse como uma flor...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Meu Mar, meu refúgio



É meu refúgio este mar que me rodeia,

ondas que me beijam em cada entardecer,

e eu, graciosamente as acaricio,

sentindo em minha pele o seu cio,

como se uma cena de amor fora acontecer...


Tontas... tontas e ao mesmo tempo belas,

me seduzindo,

me querendo levar em seus braços,

talvez sucumbindo

a ouvir sons de outros espaços...


Perigosa é a tentação

de que me afasto, sem te deixar meu mar,

berço de meus encantos,

dos amores e desamores...que foram tantos,

e onde todos os dias, ouso desabafar...





quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desabafo...



Perdoa meus gestos, minha rispidez,

minha falta de jeito, alguma insensatez,

perdoa minha mão firme, por vezes rude,

raiva incontida nas palavras mal ditas...

Sempre me acompanhas, sem lamentos,

e mesmo nos meus maiores tormentos,

te manténs firme em cada letra desenhada...


Que seria de mim sem teu suave deslizar,

sem tuas marcas vincadas no papel?

De ti, caneta, fiz minha eterna companheira,

viajando ao peito, ou descansando à cabeceira.

Não me queiras mal neste mundo já cruel...

Que seria de mim sem ti e uma folha de papel?


terça-feira, 17 de maio de 2011

Como na Primeira Vez...



Hoje, só hoje meu amor,

finge que é a nossa primeira vez,

que no mais intimo silêncio,

nossos beijos murmuravam,

enquanto nossas mãos falavam...


Hoje, só hoje meu amor,

não vamos falar de nós,

nem do tempo que já passou...


Hoje, deixa que nossos sentidos,

um querer maior que o querer,

um descobrir sem nada querer ver,

nos extasie, nos enlouqueça,

nos faça morrer, vivendo,

como na primeira vez...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Jangada Real



O meu país, outrora de caravelas,

cascas de nós rasgando oceanos,

hoje é um país de jangadas,

tábua após tábua amarradas,

mastros fingindo ter velas,

numa manta de retalhos de muitos panos.


E este país que tem história,

dia após dia vai se afundando,

e o povo que era, perdeu memória,

ficou triste, de tudo se desligando,

e rio abaixo, numa triste jangada,

sonha, delira, ser engolido na enxurrada.


Recuso-me deitar a toalha ao chão,

ouvir os políticos com mais atenção.

Recuso-me fazer de conta que nada sei,

deixar-me iludir, seguir na jangada.

O meu país vai lutar, se for preciso contra a lei

e de uma jangada farei casa apalaçada

sábado, 14 de maio de 2011

Cuidando do Jardim





Ele pedia, e eu adiava, mas o tempo convidava para a azáfama natural de quem cuida das plantas, do relvado, das árvores que compõem este meu paraíso. E ganhando coragem, lá se começa, sempre com alguma reticência, mas no final, o prazer de ver que valeu a pena tanta canseira...

Olho o prédio em frente e numa das varandas viradas para o mar, um casal se bronzeia deitados em cadeiras...Comparo este meu momento com o deles e reconheço, que apesar do cansaço, sinto-me mais feliz, mais realizado, com o sol que apanhei cuidando do jardim...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A noite...



No silêncio escutaste minhas preces,

e no silêncio foste ganhando forma,

sim noite, por ti suplico em cada fim de tarde

como se tua ausência fosse meu fim,

como se as trevas fossem a outra parte de mim...


Toma-me em teus braços, afaga meus sonhos,

embala-me até o amor ressuscitar,

e quando ela (o outro amor) chegar,

faça-se festa, a vida irá renascer

em dois corpos comungando prazer...

terça-feira, 10 de maio de 2011




Horas tardias, horas serenas,

convite à paz, à reflexão...

No cimo de um prédio, como que em comunhão,

dezenas de pombos,

todos juntos, quem sabe em "oração"...

Nada digo, nada faço...nem sequer um suspiro,

e passada larga, continuo o caminho,

não vá chamar a atenção...

Se inquieta meu espírito,

se arrepiam meus poros, meu coração,

imaginando seres, corpos em reencarnação,

preparando um qualquer festim...

"Deixai seguir meu caminho,

estou só, pobre de mim,

ainda não soou meu destino..."

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Um Dia...


Um dia, prometo não mais sonhar,

nem ver o que só meus olhos vêm,

não ouvir os sons do coração,

nada sentir pelo gelo de minhas mãos...

Um dia, prometo que me vou despedir

das mil e uma aventuras,

das horas mortas que renasciam,

das noites que sem ver o dia, se sucediam,

e aos olhos dos outros eram impuras...

Um dia, o cinzento tomará o azul do céu,

e a noite se abrirá me tomando seu,

eternamente seu...